Autenticidade: qual o preço na carreira de ser você mesmo?

Brenno Ramos
Tempo de Leitura 5 min

Momentos, contextos e espaços que afetam a autenticidade no trabalho.

Gosto de ser considerado uma pessoa autêntica. No entanto, ao mesmo tempo, senti uma certa incoerência dentro de mim.

Como posso ser considerado autêntico se, às vezes, sinto que me adapto a certas realidades, me afastando do meu verdadeiro eu? Essa foi minha reflexão imediata.

Ao analisar mais a fundo esse pensamento, cheguei à conclusão de que há uma escala nisso. Existem momentos, contextos e espaços que nos permitem ser mais ou menos autênticos. Ou seja, está mais relacionado a uma ideia de “estar autêntico” do que “ser autêntico”.

Mas afinal, o que é autenticidade? Para mim, autenticidade está relacionada à ideia de abraçar o que está dentro de nós e expressá-lo para o mundo exterior. Quanto menor a discrepância entre esses dois pontos, mais autêntica a pessoa é. Em vez de se adaptar e se conformar aos padrões sociais e às exigências da vida em suas várias formas, ser autêntico significa ser verdadeiro, genuíno e fiel a si mesmo.

Uma das questões levantadas no podcast foi sobre quebrar a ideia de que autenticidade é igual a ser excêntrico, louco ou peculiar.

Partindo do pressuposto de que ser autêntico é ser fiel a si mesmo, uma pessoa com um perfil mais discreto, alguém que prefere manter um perfil mais baixo, também pode ser considerada autêntica.

Se essa pessoa tem uma essência discreta e a manifesta exteriormente, a discrepância entre o que está dentro dela e o que é mostrado ao mundo é nula. Portanto, ela é autêntica à sua maneira.

Aqui tocamos em outro ponto: quem valida o que é autenticidade? Usando a definição anteriormente citada, apenas o próprio indivíduo é capaz de defini-la para si mesmo.

No entanto, parece haver uma transcendência dessa essência interna, que as pessoas conseguem captar de alguma forma. Uma expressão sincera e íntegra é perceptível aos nossos olhos e sentidos. E é a partir dessa percepção que rotulamos alguém como autêntico.

Vale a pena ser autêntico no trabalho? Voltando à pergunta central deste texto: existe um preço em ser autêntico no ambiente de trabalho?

Como bom representante das áreas humanas, a resposta é “depende”.

Depende de nossos objetivos de carreira e até que ponto estamos dispostos a flexibilizar a discrepância entre o que está dentro de nós e o que é expressado e revelado aos outros.

Independentemente de qual seja a sua ambição no trabalho, o mais importante ao buscar a autenticidade é o processo exploratório de autoconhecimento. Esse é o caminho que nunca devemos abandonar em nossas carreiras.

Não apenas é um catalisador para a autenticidade, mas também nos prepara para os desafios e mudanças de rumo que teremos que enfrentar, seja no trabalho ou em qualquer outra dimensão da vida.

Hoje, por exemplo, consigo perceber que meu processo de autoconhecimento me ajudou a enxergar mais aspectos internos e ter compaixão por eles. Quanto mais eu os abraço e os expresso, mais autêntico me sinto.

Isso me faz questionar constantemente o contexto externo do trabalho: posso ser a versão mais fiel de mim mesmo aqui? Ou estou pagando um preço alto nesse contexto, abdicando de minha autenticidade?

Atenção às culturas corporativas Tendo trabalhado em seis empresas diferentes, sinto que percorri a escala de autenticidade – como sugerido anteriormente. Em alguns momentos, fui mais autêntico, em outros, menos.

Uma das razões para essa mudança está relacionada às diferentes culturas corporativas. Cada uma delas possui valores distintos, e a combinação desses valores com a minha essência resultou em diferentes versões de mim mesmo. Embora as diferenças fossem sutis, existe uma certa adaptabilidade da nossa essência aos diferentes contextos.

Em outras palavras, podemos dizer que a autenticidade tem um preço na carreira, mas cabe a cada um determinar o seu valor.

Embora tenhamos que lidar com as demandas e expectativas do ambiente de trabalho, geralmente é necessário encontrar um equilíbrio entre ser fiel a nós mesmos e adaptar-se às diferentes culturas corporativas.

O preço da autenticidade pode variar, mas investir em nossa verdadeira essência é um caminho que vale a pena percorrer em busca de realização.

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