Documentário do “Fantástico” recupera histórias marcantes

Ana Priscila
Tempo de Leitura 4 min

No domingo (6), o documentário exibido pelo programa “Fantástico”, em comemoração aos seus 50 anos, teve sua abertura marcada por imagens do incêndio que devastou seus arquivos em 4 de junho de 1976. As cenas retratam intensa fumaça, profissionais em movimento frenético e um ambiente de desolação.

Foram seis meses de conteúdo perdidos. Em off, uma vizinha de Edna Palatnik, gerente do Grupo Globo, compartilhou detalhes dos bastidores da tragédia. Ela relembrou: “Recordo-me da aflição das pessoas arriscando-se fisicamente para recuperar o que podiam entre equipamentos, registros, fitas e filmes.”

Cidinha Campos, a primeira repórter do “Fantástico”, recordou que o programa marcou seu primeiro furo de reportagem na TV Globo. Ela entrevistou Ricardo Trajano, o único sobrevivente do trágico acidente aéreo da Varig em Paris, na França, ocorrido em julho de 1973. Infelizmente, essa reportagem estava entre os registros consumidos pelo incêndio. No documentário, testemunhamos o reencontro emocionante entre Cidinha e Trajano.

Guto Graça Mello, o compositor da marcante música de abertura do “Fantástico”, revelou que os primeiros acordes surgiram enquanto contemplava sua recém-nascida filha.

Léo Batista, atualmente com 91 anos, reviveu o quadro em que apresentava os resultados da loteria esportiva. Ele relembrou a popularidade da “Zebrinha”, um personagem animado e icônico que ele introduzia. Esse mascote, criado pelo cartunista Mauro Borja Lopes, conhecido como Borjalo, era feito em cartolina e se tornou uma figura lendária associada ao programa. “Nunca mais houve outro resultado surpreendente que não fosse nomeado de ‘zebra'”, disse Batista.

Em tom descontraído, ele compartilhou sua participação no mutirão de resgate das fitas no dia do incêndio: “Imagina a ironia, minha fita foi queimada!”, lembrou, rindo.

O lançamento do segundo álbum da banda Secos e Molhados, ocorrido nos anos 1970 durante o programa, foi tema de uma conversa com o cantor Ney Matogrosso. “Fomos convidados para uma apresentação no ‘Fantástico’, onde cantamos ‘O Vira’ e ‘Sangue Latino'”, relembrou.

Ney recordou um momento curioso durante a gravação: “Quando estava prestes a começar, uma voz gritou: ‘É proibido olhar para as câmeras’, e eu respondi, ‘eu vou olhar’. Desde a minha primeira vez na TV, sempre olhei para as câmeras”, disse, com um sorriso. “Ao final do ano, já havíamos vendido mais de 1 milhão de cópias.”

Renan Mattos, ator que interpretou Ney no musical “Homem com H”, foi convidado a recriar no documentário o clipe de lançamento, que também foi perdido no incêndio.

Léo Batista leu a chamada original que anunciava a primeira edição do programa. Ele comentou sobre sua projeção após a veiculação: “As pessoas falavam que ficavam até o final do programa só para ver o que eu iria dizer.”

Ao término do documentário, os convidados assistiram às imagens recriadas por meio de inteligência artificial, regravações e sobreposições, que trouxeram de volta o material perdido. Assim, Nizo Neto, filho de Chico Anysio, pôde reviver as falas do pai em um novo vídeo.

Ney Matogrosso expressou sua satisfação com o novo clipe refeito: “A única diferença é que este está muito alegre, enquanto o Secos e Molhados tinha um ar mais misterioso. Está tão perfeito que parece que sou eu”, comentou.

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