Os avanços na genética e nos exames de imagem de última geração permitem agora rastrear alterações, prever doenças e até tratar o feto antes mesmo de nascer. Desde o sonho de ser mãe até os primeiros meses de vida da criança, as mulheres percorrem uma verdadeira jornada no campo da saúde.
Além dos testes tradicionais realizados durante o pré-natal, hoje existe uma variedade de exames genéticos, de fertilidade e de imagem avançados disponíveis, todos com o objetivo de garantir um desfecho positivo para a gestante e o bebê. Isso inclui não apenas vacinas, acompanhamento físico e psicológico, mas também a construção de uma rede de apoio sólida e a administração de um vasto universo de recursos relacionados à maternidade.
Essa jornada, que transforma completamente a vida da mulher, começa muito antes da gravidez, quando ela ainda é um projeto. Seja por meio de métodos naturais ou intervenções como a fertilização in vitro (FIV) ou adoção, há uma ampla gama de exames que podem e devem ser realizados para proteger a saúde da criança.
De acordo com Fernanda Soardi, assessora técnica em Genética e Genômica do Laboratório Lustosa, o médico geneticista oferece aconselhamento genético e direcionamento para outros exames e profissionais, quando necessário, com base nos resultados. “Mulheres com histórico pessoal que possa indicar condições genéticas ou que tenham tido abortos recorrentes podem realizar exames para identificar alterações específicas, como a genotipagem do gene KIR, entre outros”, explica.
FERTILIZAÇÃO IN VITRO Quando um casal, apesar de várias tentativas, não consegue engravidar, a lista de exames se torna ainda mais abrangente. No caso da fertilização in vitro, é comum solicitar análise do sêmen, dosagens hormonais para avaliar a reserva ovariana, exames sorológicos, ultrassom, histeroscopia e até histerossalpingografia para avaliar a cavidade uterina. “Antes de iniciar o ciclo de FIV, é crucial realizar uma avaliação criteriosa para determinar a prontidão da mulher”, enfatiza Juliana Barroso Guedes, gerente médica de Diagnóstico por Imagem do São Marcos – Saúde e Medicina Diagnóstica.
MEDICINA FETAL Quando a gravidez é confirmada, uma nova etapa da jornada se inicia: a gestação. Esse é um momento de alegria, descobertas e ansiedade para a família que se prepara para receber o bebê. Essa fase requer acompanhamento especial, com foco em consultas pré-natais e exames relevantes para a gestação. “Com os avanços na ultrassonografia, agora podemos identificar aspectos do desenvolvimento do feto que antes passavam despercebidos. Isso permitiu uma compreensão mais clara de muitas complicações da gestação, levando a novos métodos de diagnóstico e tratamento”, destaca Juliana.
Segundo a médica, esses avanços levaram ao surgimento de uma especialidade médica chamada obstetrícia ou medicina fetal. “Dedicada ao acompanhamento do feto e impulsionada pela evolução da ultrassonografia, essa especialidade trata o feto como um paciente e desenvolveu ao longo dos anos tecnologias voltadas para o diagnóstico e tratamento intrauterino”, afirma.
Apesar de a incidência de malformações na população em geral ser relativamente baixa (entre 2% e 3%), Juliana destaca que a avaliação sequencial por ultrassonografia durante a gestação auxilia no acompanhamento e tranquiliza a gestante e sua família. Durante o pré-natal, vários exames de ultrassom são realizados, incluindo ultrassonografia do primeiro trimestre, ultrassonografia obstétrica do primeiro e segundo trimestres, ultrassonografia obstétrica com Dopplervelocimetria, perfil biofísico fetal e ultrassonografias morfológicas.
“Esses exames de imagem são essenciais. As ultrassonografias morfológicas, por exemplo, são baseadas na medição da translucência nucal (TN), que permite detectar alterações cromossômicas, doenças genéticas e/ou cardiopatias congênitas no feto. Esse teste é capaz de identificar 80% dos casos de síndrome de Down”, acrescenta.
A especialista também menciona outro procedimento realizado no São Marcos, a ecocardiografia fetal tridimensional. “Este exame é fundamental durante o pré-natal para gestantes com gravidez de risco ou histórico de cardiopatias congênitas na família. Ele possibilita a detecção de problemas no bebê antes mesmo do nascimento, contribuindo para um cuidado ainda mais completo com a saúde do bebê, mesmo durante a gestação”, argumenta.
RISCO GESTACIONAL Dentro dessa jornada da maternidade, outros exames clínicos e laboratoriais são essenciais para avaliar o risco gestacional para a mãe e o feto. Isso inclui o diagnóstico de doenças intercorrentes, como anemia e infecções, a identificação de possíveis malformações fetais, a avaliação do risco de prematuridade e complicações perinatais, a prevenção de complicações neonatais (como a doença hemolítica perinatal) e o rastreamento e diagnóstico de complicações da gravidez, como pré-eclâmpsia, trombose e diabetes. Entre os exames necessários estão o hemograma, que rastreia a anemia, a glicemia para o diagnóstico de diabetes gestacional, os testes de sorologia IgM e IgG para toxoplasmose e rubéola, e o teste HBsAg para hepatite B.
VACINAS Ter uma gravidez tranquila e ver o filho nascer com saúde é o desejo de toda mãe. Por isso, outra recomendação importante é a vacinação. “A imunização é uma das intervenções de saúde mais importantes para salvar vidas, especialmente de crianças e mães. A vacinação é uma questão de proteção individual e comunitária”, destaca Marisa Aparecida, técnica de vacinas do São Marcos.
Segundo Marisa, as vacinas previnem doenças causadas por diversos tipos de vírus e bactérias. A proteção começa com a gestante, que recebe as vacinas tríplice bacteriana acelular (difteria, tétano e coqueluche, a partir da 20ª semana), hepatite B e gripe influenza (tetravalente). Existem também vacinas combinadas que oferecem proteção adicional para os bebês, como as vacinas hexavalente e pentavalente, que geralmente causam menos reações.
