O panorama literário também está experimentando transformações com a disseminação da inteligência artificial. Livros produzidos por IA generativa, a mesma tecnologia por trás do ChatGPT, já estão marcando presença na Amazon e em outras livrarias virtuais.
Uma das estratégias utilizadas para atrair compradores e conquistar espaço nas prateleiras digitais é a adoção de nomes de autores renomados, mesmo sem autorização. Essa notícia levanta preocupações, especialmente porque a Amazon, por exemplo, responde por quase metade das vendas de livros nos Estados Unidos, sem mencionar o mercado de e-books (livros digitais).
Como é de costume, as obras geradas por IA frequentemente contêm informações não confiáveis. Guias de viagem, por exemplo, foram grandemente afetados por essa nova tática, como reportado recentemente pelo The New York Times.
Contudo, títulos criados por IA também estão começando a se infiltrar em outras categorias, tais como culinária, programação, jardinagem, negócios, medicina, romances, autoajuda e muito mais, como alertado pelo jornal americano.
Como identificar um livro escrito por IA?
Não é sempre fácil para os compradores discernirem se uma obra é fruto do trabalho humano ou da inteligência artificial. Uma sugestão é conferir as avaliações de outros leitores sobre o livro antes de efetuar a compra.
Essa nova tendência já está sendo alvo de questionamentos intensos por parte de escritores reais, que também lutam para evitar o uso não autorizado de suas obras no treinamento de grandes modelos de linguagem de IA.
Jane Friedman, especialista em publicações e ex-presidente da prestigiada editora HarperCollins, foi diretamente afetada por esse problema e compartilhou em seu blog como descobriu livros falsos e provavelmente gerados por IA com seu nome na Amazon.
A empresa respondeu à denúncia de Friedman após o caso gerar discussão, e os livros mencionados foram retirados da loja. Contudo, essa prática está se espalhando rapidamente, alerta a escritora.
“O ingresso da IA no cenário foi manchado por casos que permitem que qualquer pessoa crie imitações de artistas sem esforço”, acrescentou Benji Smith, desenvolvedor de uma ferramenta chamada Shaxpir. O sistema fornecia análises de livros e também foi retirado recentemente devido ao receio de que seu vasto banco de dados fosse utilizado para o treinamento de IAs.
Posição da Amazon:
A empresa ainda não proíbe diretamente livros gerados por IA, mesmo que essas obras frequentemente violem os direitos de propriedade intelectual de terceiros. Um porta-voz declarou ao portal Axios que a Amazon “avalia constantemente tecnologias emergentes” e possui “tolerância zero para análises falsas”.
Em última análise, a entrada da IA nas prateleiras virtuais é, sem dúvida, uma notícia desfavorável para os amantes de livros, algo que dificilmente será totalmente erradicado, pelo menos no curto prazo.