O Instituto Nacional do Câncer (Inca) traz previsões promissoras de queda na mortalidade prematura por câncer entre 2026 e 2030, para pessoas com idades entre 30 e 69 anos. Isso é uma notícia alentadora, contudo, não implica na erradicação da doença. Mesmo com os avanços notáveis na ciência e medicina, o caminho para a cura de diversos tipos de câncer ainda é desafiador.
Marianna Cancela, pesquisadora do Inca na Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev), destaca que, ao lado das boas perspectivas para alguns tipos de câncer, surgem preocupações relacionadas ao aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Essas incluem câncer, diabetes mellitus, doenças respiratórias crônicas e doenças cardiovasculares.
Entre os exemplos alarmantes de crescimento de casos está o câncer colorretal, que representa um risco de morte prematura tanto para homens quanto para mulheres. Prevê-se um aumento de até 10% nos casos em todo o Brasil, com variações significativas entre as regiões. Essas disparidades estão ligadas ao nível de desenvolvimento socioeconômico regional. De acordo com a pesquisa do Inca, o Norte do país deve apresentar o maior aumento de casos (52%), seguido pelo Nordeste (37%), Centro-Oeste (19,3%), Sul (13,2%) e Sudeste (4,5%). A desigualdade social e econômica emerge como um fator preocupante para parte da população. Nas regiões menos desenvolvidas, que carecem de serviços públicos de alta qualidade, especialmente na área de saúde, a vida dos cidadãos é mais comprometida.
O câncer tem diversas causas, e a maioria delas está ligada a fatores ambientais, que respondem por 80% a 90% dos casos. Esses fatores incluem intervenções humanas no meio ambiente, hábitos e comportamentos prejudiciais, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, dieta inadequada, obesidade, exposição solar, radiação e uso de medicamentos. A predisposição genética contribui com cerca de 10% a 20% dos casos.
A preservação da flora e fauna, juntamente com a proteção contra a poluição de nascentes, rios e oceanos, é uma constante preocupação de ecologistas e ativistas ambientais. Suas advertências são fundamentadas. Embora alguns questionem a relação entre qualidade de vida e meio ambiente, pesquisadores, médicos e cientistas apontam os impactos da degradação ambiental na saúde humana. Recentemente, a oncologista Ana Carolina Salles mencionou a suspeita de que o plástico (em forma de micropartículas) pode estar contribuindo para o aumento de casos de câncer colorretal.
A interligação entre preservação ambiental e saúde é evidente. Cuidar do nosso planeta é também cuidar de nossa própria saúde e bem-estar.