A 13ª Virada Sustentável de São Paulo, que se estende até o próximo domingo (24) com eventos no Unibes Cultural, abordará as complexidades da indústria da moda e seu impacto nas urgentes questões climáticas que enfrentamos. O debate se concentra na ideia de que a moda não se limita apenas a roupas, mas também está intrinsecamente ligada às pessoas que a moldam.
Nesta sexta-feira (22), especialistas da Fashion Revolution e da Trama Afetiva, uma plataforma de design social e regenerativo que pesquisa métodos inovadores de aproveitar resíduos na indústria têxtil, se reunirão para discutir o papel da moda e da indústria têxtil em futuros mais sustentáveis. Para Thais Losso, diretora de moda da Trama, é essencial rever elementos arraigados no sistema da moda para promover a sustentabilidade na produção e no consumo. Um desses elementos é o conceito tradicional de estações do ano, que não reflete mais a realidade das mudanças climáticas. “Para se alinhar com essa nova realidade, precisamos repensar a produção de peças mais versáteis que se adequem ao clima e às narrativas de cada momento”, argumenta Thais.
O contexto climático e os impactos da indústria da moda estão interligados. Portanto, iniciativas como a Trama Afetiva enfatizam a importância da redução de resíduos, da adoção de práticas sustentáveis e de mudanças culturais relacionadas ao consumo.
A indústria da moda é conhecida por contribuir significativamente para a poluição global, com mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados nos últimos anos, de acordo com a Global Fashion Agenda, uma organização sem fins lucrativos.
Thais destaca que a principal estratégia é educar os consumidores sobre o valor de peças produzidas de forma justa e transparente, com materiais que respeitem o meio ambiente e com condições de trabalho adequadas para as pessoas envolvidas na produção. Ela enfatiza que não é possível falar em consumo consciente sem considerar o bem-estar das pessoas e do planeta.
Para a diretora de moda, mitigar o impacto ambiental exige uma moda mais limpa e consciente. Ela acredita que a nova moda, com consciência, deve incentivar todas as marcas a buscar soluções transformadoras que tenham um impacto positivo na saúde das pessoas e do planeta.
Thais Losso também vê o Brasil como um país capaz de adotar uma abordagem mais sustentável, aproveitando as lições aprendidas com o tratamento de resíduos sólidos, o trabalho dos catadores e profissionais preocupados com a gestão adequada do que consideramos “lixo”. No entanto, ela ressalta que enquanto a indústria da moda se concentrar apenas na produção desenfreada de novos produtos, muitos deles feitos com materiais não orgânicos, o progresso será lento.
Ela enfatiza a necessidade de o setor da moda seguir a agenda positiva do Brasil na economia verde, investindo em tecnologia e ciência para encontrar alternativas ao plástico, um dos principais poluentes associados à indústria da moda. Isso requer que os criativos adotem novas tecnologias, como tecidos feitos de celulose, couros feitos de cactos e sedas feitas de casca de laranja, entre outras soluções inovadoras.