Exclusivo: Luciano Szafir vence a Covid, fala sobre a sua recuperação e revela os seus projetos para o futuro

João Costa
Tempo de Leitura 9 min

Luciano Szafir, nasceu em São Paulo, é Ator, Apresentador e ex-modelo. Szafir trabalhou na televisão, em ‘Anjo Mau’, ‘Labirinto’, ‘Malhação’, ‘Uga Uga’, ‘Aquarela do Brasil’, ‘O Clone’, ‘Os Dez Mandamentos’, dentre inúmeros outros. O ator é filho dos empresários Beth Szafir e Gabriel Szafir, descendentes da linhagem dos judeus asquenazes provenientes da Polônia.

O ator revela como superou a Covid, discorre um pouco dos momentos que vivenciou entre a vida e a morte e, fala dentre outras coisas, sobre os seus projetos para o futuro.

Como foi e quanto tempo durou o seu processo de recuperação após contrair a Covid?
R: Não, o processo de recuperação do Covid foi muito mais longo do que eu esperava, né? Porque eu passei por uma série de coisas, eu posso falar que faz dois anos e meio já praticamente que eu estou me cuidando em hospitais e em outras coisas por questões do Covid, por sequelas do Covid.

Como você avalia o sentido da vida após todos esses desafios?
R: Eu sempre cuidei muito, eu sempre pensei com muito carinho o que importa e o que não importa. Eu sempre tive princípios nessas minhas decisões, mas, literalmente, quando você está no hospital, muito mal, sabendo que pode ser que você não passe o dia seguinte, você realmente passa a dar valor para as pequenas coisas que você está impossibilitado. Sabe, que não são pequenas coisas, são coisas gigantes, que é você poder dar um beijo à sua mulher, agarrar teus filhos, tomar um copo d’água, que eu não estava me alimentando, não estava podendo beber água durante mais de 40 dias, poder comer um sanduíche, poder caminhar, isso eu ainda fiquei um bom tempo em cadeira de rodas, poder caminhar, poder tomar um banho sozinho, sem ajuda de ninguém, esse tipo de coisa. Então, a gente aprende que a gente é muito frágil, então, eu acho que hoje é não deixar nada para o dia seguinte. É que a gente não sabe como é que é o dia seguinte.

Em algum momento você pensou que poderia não sobreviver? Teve medo?
R: Sim, pelo menos em três momentos. Durante esses meses, esses momentos no hospital, no hospital tiveram três momentos que eu achei que realmente eu podia ir embora e não ia… E a palavra não foi, não era medo, é pânico. Pânico, porque a gente nunca está pronto, né? Nem, mas nem de perto a gente tá pronto pra ir embora. A gente tem muita gente que a gente ama e a gente mesmo, né? Eu queria fazer muitas coisas ainda. Então não. É horrível.

Qual a importância que teve a presença da sua família e amigos na sua recuperação?
R: Amigos e família foram de grande importância, de suma relevância na minha recuperação e na minha luta pela vida lá dentro, principalmente a família, né? Eu pensava nas pessoas que eu amo, quando é um dos momentos mais difíceis, quando eu queria desistir, e falava, não, desistir não é uma opção. Eu pensava neles, e essa era a minha, meu pensamento, não é uma opção.

Você continua fazendo algum tratamento? Como foi para você ter que usar a bolsa de colostomia?
R: Tratamento não, mas deixa muitas sequelas, né? Eu tive uma artrose acelerada que foi por causa do Covid, por tanto corticoide que eu tomei. Então eu faço fisioterapia lá no Univaldo Baldo, uma piscina maravilhosa de 41 graus, e depois eu saio dessa nada dentro dela, e depois eu saio por uma piscina de água gelada que ele tem lá também. Fora isso, outras fisioterapias, fora isso, ainda de vez em quando faço exercício respiratório, porque fiquei 85% do pulmão tomado, e devido às cirurgias que eu tive que botar duas próteses no quadril, então ainda tomo anticoagulante, enfim, tem que estar cuidando o tempo todo.
– Quanto à bolsa de colostomia eu acho que eu levei numa super boa, olhando pra trás hoje eu vejo quão difícil foi, porque não é fácil, você tem a história da dor, você tem a história da saúde, você tem a história da vaidade, você tem uma série de coisas aí, você tem algumas lutas aí pela frente, então, mas foi muito bom, foi maravilhoso a bolsa de colostomia porque eu entendi e acho que eu pude ter voz aí pra isso, acho que muita gente que tem bolsa de colostomia se sente muito mal e acho que eu pude ajudar, se eu pudesse ajudar uma pessoa só já valia a pena.

Como estão os teus trabalhos como ator e em outros segmentos?
R: Eu sou supersticioso, não gosto de começar a falar antes de acontecer, mas tem peça de teatro, eu tenho duas, ou três, filme tem dois, está sendo retirada uma possibilidade de televisão como apresentador e como ator, em dois lugares diferentes, mas vamos esperar, estou focando na saúde agora, o que vier vai ser bem-vindo.
– Também estou criando um instituto para fomentar a leitura no nosso país. Tenho trabalhado bastante com educação, durante a pandemia e após a pandemia, então agora é que eu vou voltar a atuar, mas isso aí, eu descobri um prazer incrível de trabalhar com educação, sempre li muito, sempre gostei muito de leitura. E o Brasil está muito defasado. Hoje em dia, o brasileiro lê uma média de 2 ,5 livros por ano, enquanto na França são 20, só para vocês terem uma noção da diferença.

Qual ou quais as lições que ficam depois de todas essas experiências?
R: Ah, depois de toda essa experiência, eles são que fica principalmente uma só, entendeu? Ame, ame, mas ame muito, não deixe para amanhã nada, sabe? Você não sabe o dia de amanhã, simplesmente se levanta, mesmo quando você não está com vontade de fazer, levanta-se e faz, porque amanhã você pode não fazer, você faz assim, nossa, quando eu estava, quando eu podia, quando eu tinha possibilidade física e mental para fazer, eu não fiz porque estava com preguiça ou por alguma outra razão. Como eu queria voltar ao tempo, eu pensei muito isso no hospital, quando eu não conseguia andar, quando eu não conseguia falar, quando eu não conseguia fazer nada, eu falei quando eu voltar vai ser diferente e realmente está sendo.

Quais as suas considerações finais?
R: Consideração final. Na hora que você for embora, você não leva nada. Você não leva carro, não leva apartamento, não leva casa. Daqui a alguns anos vai ter gente morando na sua casa. Daqui a 50 anos vai ter gente morando na sua casa. Provavelmente não vão lembrar quem você é ou foi. Então desapega. Desapega, realmente. Se apega a coisas do coração. A sua família, seus amores, seus amigos. Sabe? É isso que vale a pena. O resto é resto.

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