Impacto da exposição a retardantes de chamas na saúde

Redação TEV
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Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, revelou que muitos veículos contêm vestígios de fosfato de tris em seus interiores, uma substância potencialmente prejudicial à saúde humana. Embora os níveis detectados sejam baixos, a exposição prolongada e sob altas temperaturas ao longo de anos pode acarretar complicações de saúde. O professor Maurício Yonamine, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), explica a conexão entre essas substâncias e o bem-estar humano.

Segundo o especialista, o estudo demonstrou que o ar dentro de carros relativamente novos, fabricados a partir de 2015, pode conter retardantes de chamas. Esses compostos têm despertado preocupação entre toxicologistas devido aos riscos potenciais de câncer, neurotoxicidade e desregulação hormonal em humanos expostos.

“Os retardantes de chamas são adicionados principalmente à espuma dos bancos automotivos para atender aos padrões de segurança contra incêndios”, explica Yonamine. “Em caso de incêndio, esses produtos retardam a propagação das chamas, sendo os bancos dos automóveis os locais de maior concentração dessas substâncias químicas.”

De acordo com Yonamine, o estudo também indicou que em dias quentes a concentração desses compostos tende a aumentar no interior dos veículos, pois o calor facilita sua liberação para o ar. No entanto, ele alerta que as quantidades encontradas geralmente são muito pequenas para serem perceptíveis e não causam efeitos agudos imediatos no dia a dia.

“A pessoa pode não perceber a exposição, mas os efeitos podem se manifestar após anos de exposição contínua a doses baixas”, continua. “Isso pode incluir o desenvolvimento de câncer, danos neurológicos e problemas de reprodução, especialmente em motoristas que passam longas horas dentro de seus veículos e crianças, que são mais vulneráveis.”

Para mitigar os riscos associados aos retardantes de chamas nos carros, Yonamine sugere medidas preventivas simples. Abrir as janelas do veículo por alguns minutos para permitir a ventilação do ar externo é uma estratégia eficaz. Estacionar na sombra durante dias quentes também ajuda a reduzir a exposição, já que temperaturas mais baixas limitam a liberação dessas substâncias no ambiente interno do carro.

“Outro hábito importante é lavar as mãos após viagens de carro, especialmente antes das refeições, para evitar a contaminação oral”, destaca o professor.

Essas precauções são fundamentais para mitigar os potenciais riscos à saúde associados à exposição aos retardantes de chamas, cujos efeitos muitas vezes não são perceptíveis no curto prazo, mas podem ser significativos ao longo do tempo.

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