Dólar em alta forte e Ibovespa em queda com receios de recessão nos EUA

Ana Priscila
Tempo de Leitura 6 min

O dólar está em forte alta e o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, apresenta queda nesta segunda-feira (5), em meio ao crescente receio de uma possível recessão econômica nos Estados Unidos.

O clima de apreensão no Brasil reflete a tendência observada em mercados ao redor do mundo. Na Ásia, as bolsas sofreram fortes quedas, com destaque para o principal índice do Japão, que caiu 12,40%, a maior perda percentual desde 1987. Na Europa, as bolsas também estão em declínio.

Nos Estados Unidos, os índices estão recuando cerca de 2%, com a maioria das empresas listadas no país apresentando baixas.

Este dia desafiador para os mercados segue a recente divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos, que vieram abaixo das expectativas e indicam uma desaceleração econômica.

Esses dados, somados a uma taxa de juros ainda elevada, reacendem as preocupações sobre a resiliência da economia americana nos próximos meses.

Dólar

Às 11h20, o dólar registrava uma alta de 1,40%, cotado a R$ 5,7890. No ponto mais alto do dia, a moeda chegou a R$ 5,8641.

Na última sexta-feira, a moeda norte-americana teve uma queda de 0,45%, sendo cotada a R$ 5,7091.

Com esses resultados, o dólar acumulou:

  • Alta de 0,91% na semana.
  • Ganho de 0,97% no mês.
  • Alta de 17,65% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa registrava uma queda de 1,25%, atingindo 124.280 pontos.

Na véspera, o índice tinha fechado com uma queda de 1,21%, aos 125.854 pontos.

Com isso, o Ibovespa acumulou:

  • Queda de 1,32% na semana.
  • Recuo de 1,44% no mês.
  • Perda de 6,24% no ano.

O que está impactando os mercados?

O mercado continua reagindo aos dados divulgados na semana passada, enquanto aguarda novos indicadores econômicos dos Estados Unidos.

Na sexta-feira, o relatório de emprego dos EUA mostrou a criação de 114 mil vagas não agrícolas em julho, bem abaixo das 175 mil esperadas pelo mercado financeiro.

Esses números complementam outro dado de emprego divulgado na quinta-feira: houve um aumento de 14 mil pedidos iniciais de seguro-desemprego na semana passada, totalizando 249 mil, contra 236 mil projetados.

“Esses números indicam um enfraquecimento no mercado de trabalho americano, embora os pedidos de auxílio-desemprego possam ser voláteis nesta época do ano. Os sinais recentes de desaceleração da atividade reforçam nossa previsão de que o Fed começará seu ciclo de flexibilização monetária em setembro”, afirma a XP Investimentos.

Além disso, a decisão do Federal Reserve (Fed) de manter os juros altos, entre 5,25% e 5,50% ao ano, contribui para a percepção de uma desaceleração mais significativa nos Estados Unidos.

Taxas de juros elevadas aumentam o custo do crédito e dos financiamentos, o que reduz o consumo e os investimentos, impactando negativamente o mercado de trabalho.

Há, no entanto, uma expectativa quase unânime de corte de juros em setembro, conforme indica a ferramenta de análise FedWatch do CME.

A cautela também é alimentada por uma série de balanços corporativos decepcionantes, com destaque para os resultados abaixo das expectativas de grandes empresas de tecnologia, como Amazon e Intel.

Com os temores em relação à economia americana, as bolsas ao redor do mundo enfrentam um dia de fortes desvalorizações.

Nos Estados Unidos, às 11h20, todos os principais índices acionários estavam em queda, com a maioria das empresas listadas também registrando baixas:

  • Dow Jones caía 2,30%, com 30 empresas em baixa.
  • S&P 500 recuava 3,00%, com 492 empresas em baixa e 9 em alta.
  • Nasdaq 100 diminuía 3,15%, com 99 empresas em baixa e 2 em alta.
  • Nasdaq declinava 3,60%, com 2.919 empresas em baixa e 152 em alta.

Na Ásia, as bolsas fecharam com quedas acentuadas, destacando-se o Japão:

  • O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, despencou 12,40%, a maior queda desde 1987.
  • Em Taiwan, o índice Taiex caiu 5,7%.
  • Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 2,1%.
  • Na Austrália, o S&P/ASX200 recuou 1,3%.
  • Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 3,4%.

No Japão, a grande queda não se deve apenas ao temor com os EUA, mas também à valorização do iene, que subiu de 162 para 141,73 ienes por dólar em julho. A valorização do iene foi impulsionada pelas recentes decisões de política monetária do Banco do Japão, que aumentou suas taxas de juros pela segunda vez em 17 anos e indicou possíveis novos aumentos.

Esse fortalecimento do iene é desfavorável para os exportadores japoneses, pois encarece seus produtos no mercado internacional, tornando-os menos atrativos.

Na Europa, as bolsas também estão em forte queda, com o índice STXX Europe 600, que abrange 600 empresas de 17 países, recuando mais de 3%.

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