A perda de memória pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive os mais jovens, devido ao estilo de vida moderno e às demandas acadêmicas e sociais. Quais são os fatores que impactam a memória ao longo da vida?
De acordo com a professora Thais Bento, do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e colaboradora científica do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, pesquisas apontam que os adolescentes e jovens têm experimentado uma diminuição nos estímulos intelectuais diários. Essa redução se deve ao menor interesse por leitura, à diminuição da escrita manual, ao desinteresse por atividades que promovem desenvolvimento comportamental, e à crescente concentração em técnicas voltadas para o futuro profissional, como cursos rápidos e voltados para a tecnologia.
“Os cursos longos e tradicionais muitas vezes são vistos como perda de tempo. Vivemos em uma era de impaciência, em que a facilidade e rapidez no acesso às informações, proporcionadas pela tecnologia, geram uma zona de conforto. Isso afeta a disposição para enfrentar desafios mais complexos, impactando negativamente a memória e outras habilidades mentais, que se tornam mais lentas e imprevisíveis, gerando queixas e uma percepção negativa das próprias capacidades”, explica Thais.
Ela também destaca que o estresse e a ansiedade são fatores importantes que podem prejudicar a memória. “A vida moderna impõe vários desafios, como a pressão para se destacar academicamente e manter uma presença ativa nas redes sociais. Pesquisas mostram que altos níveis de estresse e ansiedade podem comprometer a concentração e, consequentemente, a memória”, comenta.
Thais acrescenta que o sono é crucial para a consolidação da memória. “Durante o sono, o cérebro processa e armazena as informações adquiridas durante o dia. A falta de sono, comum entre os jovens devido a estudos, trabalho e uso de dispositivos eletrônicos, pode prejudicar essa função e causar lapsos de memória.”
Ela alerta que o uso excessivo de tecnologia, especialmente antes de dormir, pode afetar negativamente os padrões de sono e a capacidade de concentração. “A sobrecarga de informações e a constante estimulação das telas dificultam a retenção de informações e prejudicam a memória”, afirma.
Reduzindo o Estresse
Participar de atividades relaxantes, como meditação, yoga e exercícios físicos, pode ajudar a diminuir os níveis de estresse e ansiedade. Técnicas de gerenciamento do estresse são benéficas não apenas para a saúde mental, mas também para a melhoria da memória.
Mantendo uma Boa Higiene do Sono
Estabelecer uma rotina de sono consistente é fundamental. Ir para a cama e acordar nos mesmos horários diariamente ajuda a regular o relógio biológico e melhora a qualidade do sono, permitindo que o cérebro desempenhe eficientemente suas funções de consolidação da memória.
Uso Moderado da Tecnologia
Limitar o tempo de tela, especialmente antes de dormir, pode melhorar tanto a qualidade do sono quanto a capacidade de concentração. Dedicar tempo a atividades offline, como leitura, desenho ou esportes, contribui para uma melhor saúde cognitiva e memória.