Queda do avião em espiral em Vinhedo: o que pode ter causado o acidente?

Redação TEV
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Uma das principais hipóteses para o acidente com o avião de médio porte que caiu nesta sexta-feira (9) em Vinhedo, no interior paulista, é a formação de gelo nas asas da aeronave, o que teria levado a uma “queda em espiral”, segundo um especialista em segurança aérea consultado pelo UOL.

O avião, operado pela Voepass, transportava 57 passageiros e quatro tripulantes, todos falecendo no acidente.

A possibilidade de a formação de gelo nas asas do ATR 72, operado pela Voepass Linhas Aéreas, ter causado o acidente é considerada “plausível”. Raul Marinho, piloto e presidente do BGAST (Grupo Brasileiro de Segurança da Aviação Geral), afirma que a análise é coerente com as condições atmosféricas observadas.

“Naquele momento, havia características atmosféricas propensas à formação de gelo. Portanto, essa hipótese é bastante provável.”, Raul Marinho, em entrevista ao UOL.

Quando a temperatura atmosférica está abaixo de 0ºC, a água pode se transformar em gelo ao entrar em contato com a aeronave. Marinho explica que isso acontece quando o líquido colide com as asas, formando uma camada de gelo.

O acúmulo de gelo nas asas pode alterar sua curvatura, que é crucial para a sustentação da aeronave. Se a curvatura muda excessivamente, a sustentação é comprometida, fazendo com que a aeronave perca a capacidade de voo e se comporte como uma pedra, como ocorreu no acidente.

“A explicação para a queda em espiral é essa perda de sustentação, resultando em uma queda vertical sem velocidade horizontal, o que fez o avião girar em torno de seu eixo até o impacto. Uma vez que o avião entra em um ‘parafuso chato’ (uma queda com mínima ou nenhuma velocidade horizontal), é quase impossível recuperar o controle.”, Raul Marinho.

A “perda súbita de sustentação” é conhecida como estol, de acordo com Marinho.

A sustentação de uma aeronave é gerada pela aerodinâmica das asas, que cria uma diferença de pressão entre a parte superior e inferior da asa, empurrando-a para cima. Essa diferença é causada pela maior velocidade do ar sobre a parte superior da asa.

Diversas situações podem levar a um estol. Uma delas é a inclinação excessiva, que impede o fluxo adequado de ar sobre a parte superior da asa, tornando a força necessária para sustentação muito maior. A redução da velocidade do avião também pode contribuir, pois o ar insuficiente sobre a asa compromete a sustentação.

Todos os aviões comerciais são equipados para lidar com problemas de formação de gelo, afirma Marinho, quando questionado sobre a preparação das aeronaves para evitar esse problema.

“Este é um problema relativamente comum, e todos os aviões de passageiros têm mecanismos para lidar com a formação de gelo, incluindo o ATR 72.”, Raul Marinho, piloto e presidente do BGAST.

Marinho sugere que uma falha no sistema de desgelamento da aeronave é uma possibilidade, mas também pode haver outras causas, como erro da tripulação ou fatores imprevistos. A investigação detalhada do acidente é necessária para confirmar a causa exata da queda.

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