Nas últimas semanas, é provável que você tenha se deparado com o nome “Blaze” e uma controvérsia envolvendo personalidades como Neymar, Felipe Neto, Carlinhos Maia, Diggo e outras celebridades brasileiras, além de clubes de futebol como Santos e Botafogo.
Essa plataforma, que se apresenta como um cassino online, tem dominado as redes sociais e a internet.
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O que é a Blaze?
Atuando no Brasil desde 2019, a Blaze é uma plataforma de cassino virtual e apostas esportivas. Ela oferece uma variedade de jogos, como Roleta, Blackjack, Slots Machines, Poker e o famoso “foguetinho”. Embora os jogos de azar sejam proibidos no Brasil, a Blaze opera por meio de uma brecha legal: sua sede está localizada no exterior, mais especificamente em Curaçao, uma ilha holandesa conhecida como paraíso fiscal.
“Essas empresas operam em uma espécie de vácuo legal, estabelecendo-se no exterior. Dessa forma, elas atuam em um ambiente digital aberto, onde as pessoas podem acessar esses sites de outros países”, destaca Philipe Monteiro Cardoso, advogado especialista em Direito Digital.
A Blaze é operada pela Prolific Trade N.V., mas não se sabe ao certo quem são todos os envolvidos por trás da empresa. Segundo o cassino, atualmente existem mais de 40 milhões de usuários na plataforma. Nos últimos meses, a Blaze ganhou popularidade após ser divulgada por influenciadores digitais renomados e patrocinar clubes de futebol, como o Botafogo.
Acumulação de processos judiciais
Um levantamento realizado pela OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), em colaboração com o Portal do Bitcoin, revelou a existência de 15 processos judiciais contra a Blaze em oito estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso e Pernambuco.
Nos últimos seis meses, a plataforma recebeu mais de 5.700 reclamações no Reclame Aqui, porém apenas 18 delas foram respondidas. Muitos clientes alegam não ter recebido o dinheiro que ganharam nos jogos ou terem suas contas zeradas.
Cobranças direcionadas aos influenciadores
Até o momento, a Blaze não emitiu nenhum comunicado oficial. A repercussão do caso gerou uma onda de indignação, levando o público a cobrar os influenciadores e famosos que promoveram a empresa. Neymar restringiu os comentários em seu perfil no Instagram e Felipe Neto apagou as publicações de divulgação do cassino online, além de deletar uma mensagem postada em 5 de junho, na qual ele defendia a Blaze.
“Um aspecto de destaque nessa história é a falta de rastreabilidade e verificação desses sites de apostas. No entanto, o ponto central, em minha análise, é o quanto as pessoas seguem celebridades e influenciadores e acreditam que, se eles indicam esses jogos, eles são confiáveis, sem analisar o panorama geral”, destaca Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.
A Blaze não é um caso isolado
Essa não é a primeira polêmica envolvendo uma empresa de apostas. O jogo do foguete JetX, desenvolvido pela Cbet.gg, acumulou mais de 800 reclamações no site Reclame Aqui em apenas seis meses no ano passado. Os casos são semelhantes: contas zeradas, falta de pagamento, propaganda enganosa e até mesmo saques que não foram depositados nas contas bancárias daqueles que “venceram” o jogo.
Devido à falta de uma sede no Brasil, CNPJ ou qualquer representação local, torna-se muito difícil processar judicialmente esse tipo de empresa. “O que pode ser feito diante desse ‘limbo jurídico’ é estabelecer analogias com a regulamentação existente, buscando respaldo no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor”, ressalta Cardoso. No entanto, o advogado alerta que, como as empresas estão fora do país, é pouco provável que as perdas sejam reparadas.
Um alerta importante
O caso da Blaze acendeu novamente um alerta para os riscos por trás desses jogos. É importante entender que a chance de perder o dinheiro utilizado nesses jogos é muito grande. Ou seja, esse tipo de jogo não funciona como uma renda extra.