Cirurgia segura e sem dor: Dr. Nestor Antônio Ferraro desvenda os mitos e verdades sobre a anestesia

Luke Mesquita
Luke Mesquita - Tendo em Vista
Tempo de Leitura 9 min

A técnica indispensável em procedimentos cirúrgicos ainda desperta muitas dúvidas nos pacientes

Quando falamos em anestesia, ainda surgem muitas dúvidas e mitos que aumentam a sensação de insegurança nos pacientes. O anestesiologista Nestor Antônio Ferraro Dos Santos, membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, atuante na equipe da ASATECH e na equipe do Serviço de Anestesiologia do Litoral (SAL), esclarece as principais questões quando o tema é esse.

Entre os mitos relacionados a anestesia, o especialista explica que não há comprovação científica da técnica com posterior queda de cabelo
O anestesista ressalta que passar por uma consulta com o especialista antes do procedimento é essencial

Primeiramente, precisamos entender que a anestesia é um procedimento indispensável em quase todos os procedimentos cirúrgicos devido a sua grande importância, razão pela qual, demanda monitoramento em tempo integral e exige que o anestesiologista observe seus efeitos antes, durante e depois do procedimento operatório.

Em resumo, a anestesia consiste em um estado de ausência completa de dor, onde será realizado um procedimento cirúrgico ou exame diagnóstico.

Embora pareça simples, o ato de anestesiar um paciente requer formação específica e bastante técnica. Por este motivo, antes de receber uma anestesia, o paciente precisa obrigatoriamente se submeter a uma avaliação pré-anestésica com especialista. A consulta é feita por um médico anestesista e serve para avaliar as condições clínicas do paciente, esclarecer dúvidas, recomendar preparos especiais, além de planejar a técnica mais adequada e segura, e com isso, reduzir o risco de complicações no procedimento cirúrgico.

“A anestesia foi uma das especialidades que mais evoluiu em termos tecnológicos, sendo que, atualmente existem monitores que informam a profundidade anestésica, status hemodinâmico, bloqueio neuromuscular entre outras informações importantes”, explica o anestesista, que também esclareceu dúvidas e elucidou os maiores mitos sobre o tema:

Quais os tipos de anestesia que existem?

Basicamente, a anestesia pode ser dividida em duas, que são: anestesia geral e anestesia regional, que incluem raquianestesia, bloqueio peridural e bloqueios regionais guiados por ultrassom.

A anestesia local dispensa a presença de um anestesiologista?

A anestesia local não necessita da presença do anestesista, podendo ser realizada por profissional capacitado da área médica e da odontologia.

De onde vem os mitos sobre a anestesia?

Os mitos são consequência de uma especialidade que é relativamente nova e que nos últimos anos evoluiu em uma velocidade assombrosa. Por isso, a importância da consulta pré-anestésica antes das cirurgias eletivas para poder esclarecer ao paciente todas suas dúvidas e mostrar que a anestesia é algo seguro, mas como todo procedimento, não é isenta de complicações, apesar de serem raras quando feitas por profissional capacitado.

Os medicamentos anestésicos são perigosos?

Quando usados por pessoas não capacitadas e em ambientes não controlados são extremamente perigosos.

Toda anestesia faz dormir?

Não necessariamente, a anestesia regional consiste em provocar anestesia em determinada área do corpo sem que o paciente durma, mas para o conforto do mesmo, pôde-se associar sedação.

As anestesias são todas iguais?

Não, até porque os pacientes não são iguais, cada um tem sua particularidade, como idade, história de doença, peso, altura, entre fatores.

Sedação e anestesia é a mesma coisa?

Na verdade, a sedação é uma modalidade dentro da anestesia. É importante frisar que a sedação deve ser feita somente pelo médico anestesiologista.

Ser submetido a várias anestesias é perigoso?

Isso vai depender do grau de comprometimento da saúde do paciente, mas em termos gerais não é perigoso.

É possível acordar antes do horário previsto pelo anestesista?

Pode acontecer um evento raro que é o despertar intraoperatória, que apresenta fatores ligados ao tipo de cirurgia. Por exemplo: cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea, ligados ao paciente; emergência obstétricas, politraumatizados, usuários de drogas e ligados ao tipo de anestesia, como bloqueio neuromuscular profundo, anestesia insuficiente.

Anestesia geral causa amnésia?

A anestesia geral causa hipnose que por consequência, o paciente não se recordará daquele período em que ficou sob o efeito da anestesia.

Anestesia faz cair cabelo?

Não há evidências científicas que suportem que a anestesia cause queda de cabelo.

O pós-anestesia geral deixa o paciente agitado?

Isso dependerá do tipo de paciente, como por exemplo: criança, usuário de droga, idoso; tipo de cirurgia realizada e quais drogas foram empregadas na anestesia. Muitas vezes, pacientes agitados ao despertar da anestesia podem estar com dor de forte intensidade ou algum outro evento patológico que deverá ter uma atenção especial. Por isso, é importante uma sala de recuperação pós anestésicos com anestesista para supervisionar os pacientes no pós-operatório imediato.

Existe um tipo de paciente no qual a anestesia não faz efeito?

Não. Existem pessoas que apresentam resistência, como: usuários crônicos de álcool, usuários de droga e pacientes ruivos (a explicação está ligada a genética desses pacientes).

Entre os mitos relacionados a anestesia, o especialista explica que não há comprovação científica da técnica com posterior queda de cabelo
Entre os mitos relacionados a anestesia, o especialista explica que não há comprovação científica da técnica com posterior queda de cabelo

É possível estar “acordado” e “sentir tudo” em meio a cirurgia?

Sim, no caso no despertar intraoperatório, mas felizmente é um evento cada vez mais raro em decorrência dos avanços na monitorização e cuidados com o paciente

Existe um exame que determine se o paciente tem alergia ao medicamento anestésico?

Não, até porque são eventos raros.

Existem medicamentos que não combinam com anestesias? Quais?

Existe sim, medicamentos como os anticoagulantes, alguns tipos de antidepressivos, antipsicóticos entre outros que estão caindo em desuso atualmente.

A anestesia pode levar ao choque anafilático ou a uma reação alérgica grave? Poderá ser revertido?

Geralmente não é a anestesia propriamente dita que está implicada ao choque anafilático, mas, medicações que são realizadas durante a cirurgia como antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, bloqueadores neuromusculares. O anestesista está treinando e apto para identificar e tratar um choque anafilático tomando as medidas de suporte avançado de vida.

A anestesia geral é a mais perigosa de todas?

Não há trabalhos que mostrem que a anestesia geral é a mais perigosa ou a melhor. O que se sabe é que para nós anestesistas, a anestesia geral é muito segura, temos o paciente “sob controle”. Antes de iniciar o procedimento, tem um check list que se assemelha a verificação de segurança de um avião antes da decolagem, tudo é realizado de forma sistemática e segurança. Não esquecendo que a monitorização atualmente nos informa desde a fração que o paciente expira de dióxido de carbono à profundidade anestésica.

A anestesia raqui causa dor de cabeça?

Pode acontecer de uma entidade que se chama cefaleia pós raquianestesia, que acomete em torno de 2 a 5% dos pacientes atualmente, pois o calibre da agulha diminuiu ao longo do tempo.

Qual o maior absurdo que você ouviu sobre anestesia?

Já ouvi muitos, desde qual curso técnico precisa para ser anestesista a que depois da anestesia a saúde do paciente nunca mais foi a mesma.

O que as pessoas precisam saber sobre anestesia?

Que a anestesia, incluindo sedação, sempre deve ser feita por um profissional habilitado, nunca aceite locais em que o anestesista faça duas anestesias simultâneas, e sempre passe pela consulta pré-anestésica para sanar suas dúvidas e saber quais procedimentos você será submetido.

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por: Luke Mesquita Tendo em Vista
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Olá! Sou Luke Mesquita, um jornalista apaixonado por explorar e escrever sobre uma variedade de assuntos. Minha especialidade é oferecer dicas e recomendações úteis que ajudam as pessoas no dia a dia. Meu trabalho como jornalista é marcado por curiosidade e dedicação. Como escritor, meu objetivo é fazer com que cada leitor se sinta mais informado e preparado para enfrentar diferentes situações do cotidiano.
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