O pediatra e sanitarista Daniel Becker considera uma “balela” culpar os pais pela exposição de crianças a alimentos ultraprocessados

Ana Priscila
Tempo de Leitura 2 min

Ele explica que o acesso a esses alimentos não é uma escolha dos pais, pois existe toda uma indústria voltada para promover esse consumo.

Para o especialista, os alimentos ultraprocessados representam um dos piores problemas que afetam a infância e a adolescência atualmente. Eles estão relacionados a uma série de doenças que se manifestam ao longo do tempo, como a obesidade infantil, que gera diversos problemas, incluindo questões de saúde mental, bullying, baixa autoestima e dificuldades com o esporte.

No entanto, Daniel ressalta que não é correto atribuir a culpa exclusivamente aos pais. Ele considera que há uma tendência de responsabilizá-los, mas afirma que isso é uma falácia. A exposição excessiva aos alimentos ultraprocessados é resultado de uma indústria poderosa, que sabe trabalhar para tornar esses produtos atrativos.

O pediatra explica que o excesso de açúcar provoca picos de glicemia que alteram o metabolismo e afetam o cérebro. A hiperpalatabilidade dos ultraprocessados, ou seja, o sabor irresistível e intenso criado artificialmente, é um dos motivos pelos quais as crianças têm dificuldade em apreciar legumes e outros alimentos naturais.

Daniel defende que os alimentos naturais acabam perdendo a “graça” quando comparados aos ultraprocessados. Ele exemplifica que, se uma criança tiver uma maçã, por mais doce que seja, ao lado de uma lata de biscoitos, é provável que ela prefira a última opção devido ao sabor intenso proporcionado pelo sal, açúcar, gordura e alta densidade calórica desses produtos, o que leva o cérebro a ficar “viciado” nesse tipo de alimento.

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