Essa prática consiste em dar preferência a candidatos que possuam laços familiares com a instituição, como pais ou parentes que tenham estudado em Harvard ou tenham feito doações significativas para a universidade.
As admissões por legado têm sido criticadas porque, em sua maioria, beneficiam estudantes brancos. Isso ocorre porque muitas universidades de elite nos Estados Unidos só começaram a admitir estudantes de grupos minoritários há relativamente pouco tempo. Portanto, as admissões por legado têm sido percebidas como uma vantagem para os brancos e ricos.
Uma organização sem fins lucrativos chamada Lawyers for Civil Rights (LCR) apresentou uma queixa na Justiça federal contra Harvard, alegando que a política de legados viola um artigo da Lei dos Direitos Civis. A LCR argumenta que a universidade dá preferência especial a estudantes brancos simplesmente por causa de seus parentes, sem considerar suas realizações individuais.
Dados do National Bureau of Economic Research (NBER) apontam que quase 70% dos estudantes admitidos por legado em Harvard são brancos. Esses alunos têm de seis a sete vezes mais chances de serem admitidos do que aqueles que não se candidatam por meio dessa categoria. O estudo também mostra que mais de 43% dos novos estudantes brancos de Harvard entraram por meio de admissões por legado, lista de interesse do reitor, status de atleta ou serem filhos de professores e funcionários.
Essa ação ocorre logo após a Suprema Corte dos Estados Unidos decidir que Harvard e outras universidades não podem mais considerar a raça como um fator-chave nas admissões, impactando as ações afirmativas que visavam aumentar a diversidade racial no ambiente acadêmico.
Embora a Universidade da Califórnia e todas as universidades públicas do Colorado tenham proibido as admissões por legado, em algumas das melhores universidades nos Estados Unidos, essa prática ainda representa quase um quarto dos novos alunos. As universidades argumentam que as admissões por legado ajudam a construir uma comunidade de ex-alunos sólida e uma base de doadores.
Harvard ainda não se pronunciou especificamente sobre a ação, mas respondeu em relação à decisão da Suprema Corte afirmando que continuará a receber pessoas de diversas origens, perspectivas e experiências.
É importante ressaltar que essa é uma questão complexa e que existem diferentes perspectivas sobre o assunto. O debate envolve questões de igualdade, mérito acadêmico, diversidade e acesso igualitário à educação.