A crescente demanda por seguros de vida com proteção contra doenças graves

Luiz Antônio
Tempo de Leitura 6 min

O aumento constante dos custos dos planos de saúde tem levado os consumidores a considerarem a aquisição de coberturas “extras” junto aos seguros de vida individuais. O objetivo é complementar eventuais despesas com tratamentos ou cirurgias para doenças específicas. Um exemplo disso é a cobertura para doenças graves, que resulta no pagamento de uma indenização de acordo com os diagnósticos listados na apólice, e isso pode variar de acordo com a seguradora.

Para dar uma ideia do crescimento dessa demanda, dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), o órgão regulador do mercado de seguros, mostram que os prêmios emitidos (os pagamentos feitos pelos segurados às seguradoras para custear o seguro) para cobertura de doenças graves ou terminais no mercado de seguros em geral cresceram 25,97% de 2021 para 2022.

De olho nesse interesse crescente, a seguradora Prudential do Brasil lançou recentemente um seguro de vida resgatável, chamado Prudential Vida e Saúde, que inclui cobertura vitalícia para doenças graves. Segundo Carlos Cortez, vice-presidente de Marketing e Digital da seguradora, o seguro pode ser adquirido por pessoas com idades entre 14 e 70 anos e permite que até 50% do valor total do seguro contratado para morte seja utilizado como uma indenização em vida após a quitação da apólice. O valor máximo de cobertura foi ampliado para até R$ 5 milhões.

A ideia por trás desse novo seguro de vida, segundo Cortez, é que ele funcione como um complemento ao plano de saúde, podendo ser acionado pelo segurado em caso de morte, mas também em vida, permitindo resgatar parte do valor contratado para ajudar a custear o tratamento de doenças ou procedimentos cirúrgicos mais complexos.

Estão cobertas 13 doenças, sendo as mais acionadas o câncer, infarto, AVC e transplante de órgãos”, O custo para aquisição do seguro começa em R$ 200 mensais e oferece serviços como telemedicina, segunda opinião médica, além de apoio psicoterapêutico, nutricional e esportivo.

Exemplifica Dennys Rosini, diretor de Produtos da Prudential.

Inicialmente, a Prudential visa atender ao público das “classes A e B, que buscam um planejamento financeiro devido à característica resgatável do seguro e estão dispostos a fazer um aporte financeiro um pouco mais alto”, acrescenta Cortez.

Outra seguradora que está atenta a essa demanda é a Seguros Unimed, que incorporou a cobertura de doenças graves em seus seguros de vida individuais em março. “Já tínhamos essa cobertura em nosso portfólio, mas não estava disponível para contratação”, comenta Tiago Moraes, Head de Vida da companhia.

Segundo Moraes, o segurado pode contratar a cobertura para até 24 doenças, dependendo do “pacote” escolhido, com um valor máximo de R$ 1 milhão para segurados de até 65 anos. Não há limite de idade para utilização, desde que o pagamento das mensalidades esteja em dia. O período de carência geralmente é de 3 meses, podendo ser maior dependendo da doença, a fim de evitar fraudes.

O perfil de público que mais contrata esse tipo de seguro inclui mulheres na faixa dos 30 aos 45 anos, que têm dependentes financeiros, são solteiras e empreendedoras. “Temos uma concentração de contratação na área de saúde, como médicas e fisioterapeutas, porque elas veem no dia a dia a importância disso, têm preocupação porque veem o impacto no dia a dia, principalmente as mulheres com filhos”, explica Moraes.

A cobertura média contratada varia entre R$ 250 mil e R$ 300 mil, com um custo médio mensal de R$ 150. “Isso é bem acessível quando comparado a um plano de saúde, que custa cerca de R$ 450 por mês”, complementa Moraes, destacando que o produto também oferece serviços adicionais sem custos extras, como telemedicina e assistência funeral.

Especialistas acreditam que esse mercado continuará em expansão. Uma pesquisa de 2022, realizada pelo Datafolha a pedido da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), que representa as seguradoras que operam com seguros de pessoas, aponta que os dois principais medos dos consumidores em relação a situações semelhantes à pandemia de COVID-19 no futuro são:

  1. Deixar a família sem condições de se manter em caso de falecimento ou doença (40%);
  2. Não ter como pagar um tratamento médico (37%).

Uma das possíveis tendências é o aumento dos valores segurados, como fez a Prudential, que elevou o limite para R$ 5 milhões, enquanto a média de mercado é de R$ 1 milhão. A Seguros Unimed também planeja expandir a variedade de doenças cobertas e está analisando dados internos para tomar decisões informadas.

Outras seguradoras também estão buscando atender a essa demanda crescente, e a expectativa é de que o mercado continue evoluindo para oferecer opções mais abrangentes e acessíveis aos segurados.

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