Histórias de discriminação no ambiente de trabalho de mães e pais são comuns, e agora temos dados que comprovam essas experiências.
Uma pesquisa foi realizada para investigar como ter filhos afeta a vida profissional e se o trabalho influencia a decisão de ser mãe ou pai. Os resultados revelam que aqueles que não têm filhos percebem um impacto negativo maior da parentalidade em diversos aspectos, como crescimento profissional, saúde financeira e nível de ansiedade. Por exemplo, 56% das pessoas sem filhos acreditam que ter filhos diminui suas chances de promoção, enquanto entre os pais e mães esse percentual é de 39%.
Essas percepções negativas podem ser reflexo das histórias compartilhadas por colegas e amigos. Há relatos de mulheres que foram demitidas logo após retornarem da licença maternidade, ou que sentem medo de serem julgadas no trabalho após passarem por abortos espontâneos. Quando questionados se a carreira influenciou sua decisão de não ter filhos, 46% dos entrevistados empregados responderam afirmativamente.
Por outro lado, aqueles que não têm filhos reconhecem que a parentalidade fortalece certas habilidades, como a capacidade de realizar várias tarefas simultaneamente. Quase 90% dos profissionais sem filhos percebem essa habilidade em seus colegas que são pais ou mães, enquanto 80% dos pais e mães se veem dessa forma.
Os dados também revelam a desigualdade de gênero nessa questão. O impacto da parentalidade na carreira é muito maior para as mulheres do que para os homens. Cerca de 30% das mulheres entrevistadas afirmaram que não foram contratadas ou promovidas por serem mães, e 10% delas relataram que a própria empresa afirmou que o cargo mais alto não foi concedido devido à maternidade. Entre os homens, esses relatos foram quase inexistentes, com apenas 4% mencionando demissões devido à paternidade.
As mães também enfrentam menor participação em projetos e, consequentemente, menos oportunidades de promoção e aumento salarial. A desigualdade começa em casa, pois a maioria dos entrevistados aponta que as mães são as principais responsáveis pelas tarefas relacionadas à criação dos filhos. Enquanto 54% dos pais acreditam que o cuidado dos filhos é compartilhado de forma igualitária, menos de 40% das mães concordam com essa visão. A divisão de tarefas também é menos acordada entre as mães.
A pesquisa mostra que mães e pais tiveram que faltar ao trabalho em média 2,5 dias nos últimos três meses para cuidar dos filhos, sendo que as mulheres tiveram uma média ainda maior. Essa discrepância tem impactos significativos na carreira das mulheres.