A transformação do ensino de gastronomia no Brasil: Um caminho entre livros e panelas

Luiz Antônio
Tempo de Leitura 4 min

Na virada dos anos 1990, o Brasil testemunhou o surgimento do primeiro curso de graduação em gastronomia, marcando o início de um notável avanço na educação culinária nacional. Antes desse marco, os aspirantes a chefs tinham como opção cursos técnicos, sendo o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) pioneiro nessa modalidade ao lançar aulas nesse campo em 1969. No entanto, foi somente em 1994 que uma parceria entre o Senac e o Culinary Institute of America resultou no lançamento do curso de Cozinheiro Chef Internacional.

O marco mais significativo ocorreu em 1999, quando a Universidade Anhembi Morumbi inaugurou o primeiro curso de graduação em gastronomia no Brasil, abrindo novos horizontes para a formação culinária no país.

Desde então, a educação gastronômica deu passos gigantescos. De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) referentes a 2021, o país conta com um total de 291 cursos superiores em gastronomia, abrangendo bacharelados e tecnólogos. Um número impressionante de aproximadamente 24.274 estudantes se matriculam anualmente em cursos de gastronomia em universidades e faculdades brasileiras.

Esse crescimento é evidente quando comparado a números de anos anteriores. Em 2019, por exemplo, havia 258 cursos em atividade, com 19.937 ingressantes. Além disso, a expansão desses cursos não se limitou a São Paulo, estendendo-se por todo o país, incluindo estados como Bahia, Paraná, Ceará e Rio Grande do Sul.

Rosa Moraes, embaixadora do grupo Ânima Educação e presidente da região do Brasil para o prêmio The World’s Best 50 Restaurants, desempenhou um papel vital nessa evolução. Ela se mudou para a Califórnia em 1989 para estudar a fundo técnicas e ingredientes culinários, sendo posteriormente convidada a desenvolver o primeiro curso de graduação em gastronomia no Brasil pela Universidade Anhembi Morumbi.

A contribuição de Moraes para o cenário gastronômico não parou por aí. Por meio da Ânima Educação, o renomado Le Cordon Bleu chegou ao Brasil em 2018, estabelecendo unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. Fundada em 1895 na França, essa instituição é presente em 23 países e oferece cursos renomados, incluindo diplomas em Cuisine (técnicas culinárias francesas), Pâtisserie (confeitaria) e o Grand Diplôme, que combina ambos.

Enquanto a ênfase do Le Cordon Bleu está nas técnicas e tradições culinárias francesas, a escola reconhece a importância dos ingredientes e sabores brasileiros. Em suas palavras, “Amazônia, Minas Gerais, a região do Nordeste… o Brasil possui uma riqueza de sabores em diversas localidades. Valorizar essas culturas é fundamental”.

Além disso, outros estabelecimentos no Brasil têm se destacado no campo da educação gastronômica. A Levain Escola de Panificação, liderada por Rogério Shimura, oferece cursos focados na arte da panificação, enquanto a Escola de Confeitaria Diego Lozano ensina técnicas avançadas de confeitaria. A Atelier Gourmand, por sua vez, optou por oferecer cursos online, proporcionando maior flexibilidade aos alunos.

Hoje, com a ampla gama de opções educacionais disponíveis, os aspirantes a profissionais de gastronomia não precisam necessariamente buscar formação fora do Brasil. A disponibilidade de cursos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e tecnólogos no país, combinada com a exploração das riquezas locais, oferece um cenário rico e variado para quem deseja seguir uma carreira culinária de sucesso.

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