Muitas pessoas estão cientes de que o desenvolvimento como líder requer esforço. No entanto, o caminho a seguir nem sempre é evidente, conforme Sanjay Khosla, professor adjunto de marketing da Kellogg School e coach executivo treinado, aponta.
“Buscar ser mais eficiente e trabalhar arduamente às vezes resulta em uma perda de tempo completa”, ele adverte. “O que frequentemente ocorre é que se tenta melhorar, mas continua-se usando os mesmos métodos, frequentemente respondendo automaticamente a e-mails e concluindo tarefas.”
Khosla, que já foi presidente da Kraft Foods International (atual Mondelez International), afirma que qualquer indivíduo que deseje expandir suas habilidades de liderança deve abordar estrategicamente como se preparar para novas oportunidades sem exaurir completamente suas energias.
Ele desenvolveu um modelo de coaching com cinco etapas que auxilia os líderes a alcançar exatamente isso. Aqui, ele nos explica cada etapa.
- Autoconhecimento
Antes de crescer, é essencial ter uma compreensão sólida de seus pontos fortes e áreas a serem desenvolvidas, bem como saber o que realmente o motiva. É extremamente útil obter feedback contínuo de outras pessoas, inclusive de seus superiores diretos. Pesquisas 360 frequentemente auxiliam nesse aspecto. Em seguida, é crucial combinar o feedback externo com sua própria autorreflexão.
Quando Khosla começou a orientar Maya (nome fictício), uma cientista da computação sênior em uma grande empresa multinacional, ela aspirava se tornar Diretora Digital da organização, mas as etapas para atingir esse objetivo não eram claras para ela. Baseada nos comentários de seu gerente e colegas, ela percebeu que, antes de se tornar uma forte candidata, precisava transcender seu papel como especialista técnica, o que demandava adquirir uma compreensão mais profunda dos aspectos comerciais e empresariais.
Além disso, após refletir sobre si mesma, Maya notou que estava excessivamente dispersa — tanto no trabalho, incapaz de se afastar das tarefas diárias, quanto em casa, onde as exigências do emprego dificultavam passar momentos de qualidade com seus filhos.
Maya percebeu que era necessário desenvolver suas habilidades e, ao mesmo tempo, reservar tempo em sua agenda para a família.
- Gerencie suas energias
O próximo passo é garantir que esteja investindo seu tempo nas atividades certas.
“Quando se está estressado, ocorre um desalinhamento entre o que você quer fazer e o que está de fato fazendo”, explica Khosla.
Para superar esse desalinhamento, Khosla recomenda dar um passo atrás e avaliar o que é realmente importante. Ele compara isso a uma “auditoria energética”, já que “tempo é uma substituição para energia”.
“Revise sua agenda dos últimos seis meses e divida seu tempo em diferentes áreas temáticas”, sugere Khosla. Pergunte a si mesmo: com base nessa divisão, o que está funcionando bem para mim e o que não está? O que verdadeiramente me inspira e engaja?”
Ao realizar esse exercício, Maya fez uma observação significativa: ela não estava delegando responsabilidades o suficiente no trabalho e acabava realizando tudo sozinha. Isso a levava a participar de inúmeras reuniões, afogar-se em detalhes e se distrair frequentemente com uma crescente lista de tarefas, deixando-lhe nenhum tempo para expandir suas habilidades profissionais.
- Enfoque nas áreas de atuação
Depois de completar a auditoria energética, o próximo passo envolve realinhar suas atividades para os próximos seis meses de acordo com suas prioridades, conforme Khosla sugere. Ele incentiva as pessoas a criarem uma lista de áreas específicas de enfoque, limitando-se a cinco prioridades.
Khosla possui uma regra clara para essa lista: comece com uma prioridade fora do âmbito do trabalho, a fim de garantir equilíbrio pessoal com algo que não esteja relacionado ao emprego. A primeira prioridade de Maya era passar mais tempo com seus filhos, buscando e levando-os na escola, pois essa atividade lhe trazia felicidade.
A segunda área de enfoque de Maya consistia em decidir o que não deveria fazer — o que, para ela, implicava em aprender a delegar tarefas. Embora isso fosse inicialmente desconfortável, a delegação abriu espaço em sua agenda e permitiu que ela adotasse uma abordagem proativa, ao invés de meramente reativa. Além disso, essa mudança lhe proporcionou tempo para desenvolver novas competências.
- Construa um círculo de influência
Khosla também sugere criar o que ele chama de “círculo de influência”, a fim de identificar e aproveitar as oportunidades de desenvolvimento de liderança. Ao compartilhar suas competências com o círculo de influência, seus membros podem ajudá-lo a se posicionar para projetos que antes pareciam inacessíveis.
“Como um líder voltado para o crescimento, é necessário ter um papel ativo na expansão de suas opções”, ele afirma. “Para isso, você deve estrategicamente avaliar para onde quer ir, quem pode auxiliar nesse processo e como se aproximar dessas pessoas.”
Seu círculo de influência deve incluir colegas e gerentes internos e externos à sua empresa, bem como indivíduos que possam auxiliá-lo a ter impacto.
No contexto do seu círculo de influência, Maya identificou seu gerente, alguns colegas de trabalho, um líder sênior de vendas de sua empresa e diversos contatos externos à organização. Contudo, tão importante quanto isso, ela se comprometeu a manter conexões específicas e regulares com cada um desses contatos em seu círculo.
Por exemplo, outra área de enfoque para Maya era obter experiência em interações diretas com os clientes. Para alcançar isso, ela se aproximou da líder sênior de vendas de sua empresa e passou a participar de projetos com clientes, colaborando diretamente com a equipe de vendas.
“Maya está desenvolvendo novas habilidades, ampliando sua exposição ao setor como um todo e obtendo uma compreensão mais profunda dos impulsionadores de negócios”, observa Khosla. “Ela está aprendendo por meio da prática”.
- Escolha como se apresentar
Por fim, Khosla aconselha os líderes a examinarem profundamente como se apresentam e como expressam suas opiniões em reuniões e eventos.
Frequentemente, as pessoas gastam tempo compartilhando informações que já poderiam ter sido lidas antecipadamente ou se fixam em detalhes técnicos, em vez de abordarem o cerne do que precisa ser discutido. Concentrar-se demasiadamente nas informações que deseja transmitir pode resultar em não compreender o que seu público realmente quer ou precisa saber. Em vez disso, Khosla sugere que os líderes adotem uma perspectiva diferente.
“Observe tudo sob a ótica do outro, em vez de apenas contar o que você está fazendo”, ele recomenda. Isso requer intencionalidade. Antes de cada reunião, faça uma sessão de brainstorming sobre quais perguntas podem surgir e prepare suas respostas.
Por exemplo, enquanto Maya se preparava para uma apresentação a líderes sêniores de sua empresa, sua primeira inclinação era criar uma apresentação de PowerPoint repleta de detalhes técnicos. No entanto, com a orientação de Khosla, ela mudou sua abordagem.
“Não adianta sobrecarregar o público com PowerPoints sem significado”, adverte Khosla. “Olhe para isso do ponto de vista do público e pergunte o que os inspiraria e entusiasmaria?”
Dessa forma, Maya direcionou sua apresentação para interações recentes com os clientes, demonstrando o impacto nos negócios. Ela não deixou de fornecer informações práticas, assim como algumas perguntas para seus colegas.
“O essencial é deixar claro qual é o sucesso esperado ao término de cada interação”, conclui Khosla. “É o mesmo tópico, mas visto através de uma perspectiva diferente”.
