O especialista apresenta a tecnologia minimamente invasiva que garante maior precisão durante as cirurgias de câncer de próstata, e de próstata grande.
Já imaginou ir realizar um procedimento cirúrgico na área urológica e ser operado por um robô? Pois é, o que antes era algo distante e visto apenas em filmes de ficção científica, agora é possível. Além de possível, é extremamente seguro e vantajoso para o paciente. A robótica veio para atribuir mais inteligência à prática em saúde. Mas para isso, é necessário também, um profissional capacitado, que utilizará a plataforma robótica para realizar o procedimento.
Com a robótica, veio a técnica minimamente invasiva, desenvolvida para reduzir os danos e preservar os tecidos. O termo minimamente invasivo significa que terá menos cortes, e com isso, uma série de vantagens como: menos sangramentos, menos dores, menos risco de infecção, redução na taxa de transfusão de sangue, redução no uso de medicamentos, redução no tempo de repouso, redução no tempo de uso de sondas e automaticamente, redução no tempo de internação, recuperação mais rápida, e mais economia.
Na urologia, a medicina robótica chegou para propor uma revolução no corpo e na mente dos homens. Antigamente, era comum o receio pelas cirurgias de próstata devido à grande taxa de insucesso e ao risco de impotência. Com as tecnologias atuais, o risco continua existindo, mas, diminuiu drasticamente, devido a inúmeros fatores. Pesquisas internacionais indicam que o sucesso da potência sexual é maior quando as cirurgias são feitas por cirurgiões mais experientes. Além disso, a soma da excelência desses profissionais com as novas tecnologias como a cirurgia minimamente invasiva, por exemplo, colabora para que o risco de impotência e os riscos de insucesso pós cirurgias de incontinência urinária cheguem perto do zero o mais breve possível.
Se em uma cirurgia convencional para reverter o quadro de incontinência urinária ou para tratar o câncer de próstata, o risco de insucesso chegava a cerca de 80% na cirurgia aberta convencional; na cirurgia minimamente invasiva, a taxa caiu para 5 a 10, uma vez que um maior número de fibras nervosas é preservado e dependendo do comprometimento, ainda poderá ser melhorado com fisioterapia, medicamentos e até o uso da prótese peniana.
Dr. Leonardo Ortigara, urologista, especialista em cirurgia robótica e técnicas minimamente invasivas para disfunção erétil, HPB e incontinência urinária.
Ou seja, o prognóstico é muito mais animador que em outras cirurgias ou se comparado a algumas décadas atrás. Outra vantagem que a robótica trouxe foi uma maior qualidade de vida devido a rápida recuperação dos pacientes. Com isso, pacientes mais idosos podem se submeter às cirurgias com tranquilidade, porque serão menos traumáticas e a recuperação será muito mais rápida, menos dolorosa e o retorno às atividades será antecipado, bem antes do tempo que levaria em uma cirurgia convencional.
Uma corrida contra o câncer:
O assunto cirurgia tem caráter de urgência, se considerarmos que o Brasil lida com números desanimadores. Segundo a Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. O câncer de próstata é o terceiro tumor maligno mais incidente no Brasil, e o predominante em homens em todas as regiões, totalizando 72 mil novos casos estimados a cada ano do até 2025.
Dr. Leonardo Ortigara atua no Sul do país, uma das regiões com o maior índice de casos, e foi quem fez a cirurgia de Claiton, segundo ele, “apesar de um histórico familiar de câncer de próstata dobrar as chances de ter a doença, um em cada seis homens serão diagnosticados com câncer de próstata. Os homens negros são 60% mais propensos a terem câncer de próstata e possuem 2,4 vezes mais chances de morrer da doença. Homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença”, explica o médico, que reforça para que os cuidados com a saúde do homem sejam feitos ao longo da vida para evitar surpresas desagradáveis.
“O ideal é que, a partir dos 30 anos, o homem realize no mínimo uma consulta anual ao urologista e a partir dos 40 a 45 anos, a depender do histórico de saúde e da etnia, as consultas se tornem mais frequentes. Mesmo com todo o tabu em torno das consultas íntimas, a saúde deve ser prioridade e a prevenção precisa ser a palavra de ordem”, completa Dr. Leonardo.
Um dos fatores que corroboram para números tão altos é que o câncer de próstata é uma doença silenciosa, não apresenta sintomas e em muitos casos, só é descoberta em estado avançado. Além disso, grande parte dos homens ainda têm receio em fazer o toque retal, o exame que identifica alteração na próstata. Segundo o cirurgião Leonardo Ortigara, “alguns médicos dispensam o toque, porém em minha experiência ainda uso, porque já perdi as contas de quantos diagnósticos consegui adiantar apenas por um toque. O exame do toque retal é indolor e não leva nem 10 segundos. Mas para isso é necessário que o profissional seja experiente”.
Por meio do toque, 20% dos casos são identificados, porque é possível notar um endurecimento da próstata, uma espécie de caroço. Mas, existem outras alternativas para pacientes que definitivamente não querem fazer o toque prostático. Uma delas é um exame de sangue chamado PSA, um biomarcador de câncer. Através desse exame, será possível identificar se a próstata estará produzindo mais PSA que o normal. Outra alternativa é ressonância magnética, um exame mais caro, mas que poderá indicar alguma alteração.
O ideal é que o homem adquira uma rotina saudável em relação a sua saúde íntima. Assim como as meninas são levadas às ginecologistas na ocasião da menstruação, os meninos devem ser levados ao urologista assim que deixar o pediatra, aos 14, 15 anos de idade, para que possam ser orientados quanto a vida sexual e deste modo, começar o vínculo com o especialista que vai o acompanhar por toda a vida.
De acordo com Ortigara, “se o câncer de próstata é uma doença silenciosa e não apresenta sintomas, a próstata obstrutiva ou próstata grande já dá sinais que precisa de intervenção. Se na casa dos 40 anos o homem começou a ir quatro ou cinco vezes ao banheiro e durante a noite para urinar e demora porque a urina sai lentamente, e por gotejamento ou parecido com chuveirinho com diversos jatinhos e ainda sente dor abaixo do umbigo, o sinal de alerta já está ligado”, explica o especialista.
A grande vantagem, é que quando as complicações se tornam casos cirúrgicos, a cirurgia robótica fica responsável por fazer um belíssimo trabalho e por garantir que os riscos sejam cada vez menores, entregando mais benefícios, melhores resultados e confiança ao homem. “A cirurgia robótica facilitou o trabalho, o robô facilitou a vida do cirurgião, porque gira em até 720º, ou seja, é capaz de dar duas voltas. É incrível a precisão do seu trabalho”, finaliza o Dr. Leonardo.