Dra. Ana Comin e Dr. Diogo Viana apontam novos caminhos no tratamento da endometriose

Redação
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Dra. Ana Comin e Dr. Diogo Viana

Revisão científica avalia três terapias hormonais e reforça a importância da tolerabilidade e da decisão compartilhada entre médica e paciente

Um artigo de revisão recente, publicado na revista científica Biomedicines em setembro de 2025, avaliou os benefícios e riscos de três tratamentos clínicos não cirúrgicos para a endometriose: o dienogeste, os análogos do GnRH e a gestrinona. O estudo coloca em debate as opções disponíveis para o manejo da dor — principal queixa das mulheres com a doença — destacando vantagens e efeitos colaterais de cada método.

Dra. Ana Comin, ginecologista especialista em endometriose, destaca a importância da decisão compartilhada no tratamento

Intitulado “Tolerabilidade e tomada de decisão compartilhada no tratamento hormonal da dor associada à endometriose” (Tolerability and Shared Decision-Making in the Hormonal Management of Endometriosis-Associated Pain), o artigo reforça que, embora todas as opções apresentem eficácia comparável no controle da dor, cada uma possui perfis de tolerabilidade distintos, exigindo que a escolha terapêutica seja individualizada e construída em conjunto entre médica e paciente.

Dr. Diogo Viana, médico pesquisador que integra a revisão científica sobre terapias hormonais no tratamento da endometriose.

Principais achados da revisão:
• Análogos do GnRH: tradicionalmente considerados primeira escolha, bloqueiam a hipófise e induzem uma menopausa temporária. Apesar de eficazes, estão associados a efeitos colaterais intensos, como fogachos, depressão, retração gengival e sintomas do climatério.
• Dienogeste: alternativa segura, preserva a densidade óssea e apresenta menos efeitos típicos do climatério, embora possa estar ligado a distúrbios metabólicos.
• Gestrinona: por muito tempo recebeu críticas devido ao potencial de efeitos androgênicos, como alteração da voz e aumento de pelos. No entanto, a revisão aponta que, em doses adequadas, não foram observados efeitos adversos significativos, mostrando-se uma opção eficaz e bem tolerada.

Segundo a ginecologista Dra. Ana Comin, especialista em ginecologia minimamente invasiva, robótica, regenerativa e estética — com atuação em endometriose, miomatose e adenomiose —, o estudo traz uma contribuição importante para ampliar a visão sobre os tratamentos disponíveis:

Estrutura química da gestrinona, medicamento em estudo como alternativa eficaz e bem tolerada no manejo da endometriose.

“A gestrinona foi por muito tempo demonizada, mas as evidências mostram que, em dose adequada, ela não traz efeitos colaterais graves que impeçam seu uso. O objetivo da revisão é justamente mostrar que existem outras possibilidades além dos métodos tradicionalmente utilizados”, explica.

Embora ainda sejam poucos os estudos sobre a gestrinona, novas pesquisas estão em andamento. Entre elas, o estudo GLADE, um ensaio clínico duplo-cego e randomizado com conclusão prevista para outubro, deve fornecer dados robustos sobre a segurança e eficácia do medicamento.

Com essa revisão, os pesquisadores buscam reforçar a importância de um modelo clínico moderno, que priorize a tolerabilidade a longo prazo e a tomada de decisão compartilhada, assegurando que a escolha terapêutica seja feita de forma alinhada às necessidades e expectativas das mulheres com endometriose.

A pesquisa foi conduzida em parceria com a SOBRAPEM – Sociedade Brasileira de Pesquisa e Ensino em Medicina, que atua na promoção de estudos científicos e na difusão de conhecimento médico.

Referência:

Viana, D. P. C., Jacobsen, L., Padovesi, I., Comin, A., Correia, E. L. S., Fernandes, D. D. M., & Dias, A. C. P. (2025). Tolerability and Shared Decision-Making in the Hormonal Management of Endometriosis-Associated Pain. Biomedicines, 13(9), 2294. https://doi.org/10.3390/biomedicines13092294

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