Epidemia de Fentanil: A onda mortal que assola os EUA

Ana Priscila
Tempo de Leitura 4 min

A cada dia, mais americanos estão perdendo suas vidas devido a overdoses de fentanil, marcando o início de uma nova onda da epidemia de opioides que está se alastrando por todo o país.

Há seis anos, Sean perdeu sua vida devido a uma overdose acidental de fentanil em Burlington, Vermont, aos 27 anos de idade. Sua mãe, Kim Blake, escreveu em um blog dedicado a ele em 2021: “Cada vez que ouço sobre uma perda devido ao abuso de substâncias, meu coração se parte um pouco mais. Mais uma família despedaçada. Sempre de luto pela perda de sonhos e celebrações.”

Em 2021, os Estados Unidos testemunharam um marco sombrio: pela primeira vez, mais de 100 mil pessoas morreram de overdose em todo o país em um único ano. Mais de 66% dessas mortes estavam relacionadas ao fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais potente do que a heroína.

Embora o fentanil seja um medicamento prescrito por médicos para tratar dores intensas, a droga também é fabricada e vendida por traficantes. A maior parte do fentanil ilegal encontrado nos EUA é traficada a partir do México, com produtos químicos provenientes da China, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA), a agência federal responsável pelo controle de narcóticos.

Em 2010, menos de 40 mil pessoas morreram de overdose de drogas em todo o país, e menos de 10% dessas mortes estavam relacionadas ao fentanil. Naquela época, as mortes eram causadas principalmente pelo uso de heroína ou opioides prescritos por profissionais de saúde.

No entanto, um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) revela como o fentanil redefiniu a crise das overdoses nos Estados Unidos na última década. Esse estudo analisou as tendências nas mortes por overdose entre 2010 e 2021, usando dados compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

Os dados mostram claramente como o fentanil transformou a epidemia de opioides nos Estados Unidos, com quase todos os estados afetados por essa crise. O aumento das mortes relacionadas ao fentanil foi observado pela primeira vez em 2015 e, desde então, a droga se espalhou rapidamente, levando a um aumento acentuado nas taxas de mortalidade.

Além disso, o estudo alerta para uma tendência crescente de mortes relacionadas ao uso de fentanil em combinação com drogas estimulantes, como cocaína ou metanfetamina, em todo o país.

Essa tendência é observada em diferentes graus, dependendo da região, refletindo os padrões de uso de drogas locais. A combinação de fentanil com outras substâncias torna a crise ainda mais complexa.

A crise dos opioides costumava ser considerada um “problema dos brancos”, mas o estudo recente revelou que os afro-americanos também estão morrendo devido à combinação de fentanil e estimulantes, em todas as faixas etárias e regiões geográficas.

A falta de conscientização sobre esse problema é agravada por disparidades históricas de saúde e pelo fato de as campanhas de conscientização não abordarem adequadamente a experiência dos negros americanos.

Para enfrentar essa crise em evolução, é necessário adotar abordagens de tratamento mais abrangentes e sensíveis às complexas interações entre as drogas. É fundamental aumentar a conscientização e compreensão do público em relação a essa epidemia que continua a devastar comunidades em todo o país.

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