Hoje em dia, somos constantemente sobrecarregados pela falta de tempo e pelo excesso de responsabilidades em nossas vidas diárias. Nossa agenda está cheia de compromissos sociais, profissionais e domésticos, enquanto enfrentamos as mudanças no mercado de trabalho, novas tendências e a necessidade de desenvolver competências, conhecimentos e adotar novas tecnologias em nossas atividades. Em meio a esse cenário desafiador, é essencial dominar a habilidade de lidar com várias demandas ao mesmo tempo, independentemente de nossa posição na carreira, seja um estagiário ou um presidente de empresa, trabalhador com contrato CLT, autônomo ou qualquer outro.
Lidar com inúmeras responsabilidades além de nossa capacidade pessoal tem levado muitas pessoas ao adoecimento. Elas temem ser substituídas, perder seus empregos, ficar obsoletas e não conseguirem se recolocar no mercado. “Nessa vida intensa, muitos profissionais precisam desenvolver novas competências e habilidades, as chamadas soft skills. A pressão sobre os trabalhadores é constante, e muitos estão se sentindo sobrecarregados”, destaca o headhunter e CEO da Prime Talent Executive Search, David Braga.
Há pouco mais de dois anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a Síndrome de Burnout como um fenômeno ocupacional, reconhecendo-a como um problema grave na sociedade contemporânea. “Essa classificação legitima as experiências de muitas pessoas que sofrem ou já sofreram com o esgotamento causado pelo estresse excessivo e prolongado, que prejudica a saúde e, se não for tratado, pode levar a outras doenças, como a depressão, impactando não apenas as empresas, mas também seus colaboradores”, enfatiza Braga.
De acordo com o último grande levantamento global de transtornos mentais realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil apresenta a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Isso é alarmante, uma vez que a ansiedade afeta negativamente todos os aspectos da vida. Se o seu trabalho está se tornando sinônimo de estresse, talvez seja hora de reavaliar sua rotina.
Para David Braga, aprender a controlar a ansiedade e o nervosismo vale a pena. Existem diversas estratégias, como leitura, meditação, técnicas de respiração e até medicamentos prescritos por profissionais de saúde. “Devemos lembrar que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e fazer mudanças no estilo de vida pode ser a melhor maneira de prevenir e tratar a Síndrome de Burnout. Praticar exercícios físicos, manter uma alimentação saudável e desfrutar de momentos de lazer são fundamentais. Além disso, não esqueça que o descanso também é essencial para recarregar as energias”, sugere.
Segundo o headhunter, a questão da sobrecarga no ambiente de trabalho deve ser alvo de reflexão por parte das lideranças. Até que ponto as demandas excessivas são saudáveis ou realmente contribuem para o alcance de resultados? “Com o avanço das tecnologias e a constante inundação de informações de diversas fontes, estamos sempre conectados, sendo pressionados a responder rapidamente por meio de smartphones, computadores ou tablets. É fundamental avaliar o ritmo em que estamos vivendo para não comprometer nossa saúde mental e física, o que, por sua vez, afetaria nossa produtividade”, analisa.
Se, por um lado, as empresas precisam criar um ambiente de trabalho mais equilibrado e propício ao bem-estar mental de seus colaboradores, cabe a cada indivíduo buscar o autoconhecimento, fortalecer suas competências e habilidades, assumir o protagonismo e fazer as mudanças necessárias para não carregar o peso do mundo nas costas.
“É essencial evitar a cultura do ‘tudo para ontem’ e do emergencial constante, pois esse tipo de ambiente gera estresse, torna-se tóxico e prejudica a saúde das pessoas. Também pode criar um sentimento de incompetência. Manter o equilíbrio é crucial para que as empresas não proporcionem nem uma zona de conforto excessiva nem um clima de pânico aos seus colaboradores”, acrescenta o headhunter.
Para Braga, à medida que as empresas incorporam questões de ESG (Governança, Social e Meio Ambiente) em sua estrutura, elas também estão adotando temas como felicidade no trabalho, equilíbrio, propósito, legado e saúde mental. Esses temas devem ser prioridade nas áreas de comunicação e recursos humanos das empresas, uma vez que o bem-estar dos colaboradores está diretamente relacionado à durabilidade e ao desempenho da empresa.
“Não é por acaso que a questão tem sido uma preocupação dos Conselhos de Administração na prática de governança corporativa. O termo ‘workaholic’, que se refere a quem trabalha excessivamente, está caindo em desuso. Hoje em dia, buscar o equilíbrio é altamente valorizado, e as empresas que desejam ter um diferencial estratégico precisam considerar boas práticas de gestão de pessoas e políticas de qualidade de vida para toda a organização”, conclui Braga.