A diferença entre as informações que vêm de livros e as que recebemos de dispositivos digitais é notável. Enquanto os livros podem ser adquiridos, colocados na estante e lidos quando quisermos, as informações digitais têm a tendência de invadir nosso cérebro sem que percebamos. A cada vez que olhamos para uma tela, seja no celular ou em qualquer outro dispositivo, somos bombardeados com conversas, notícias, polêmicas, piadas e boatos, criando um fluxo constante e ininterrupto que parece entrar em nosso radar mental e emocional.
Ao contrário das informações impressas, que são mais estáticas, as digitais são dinâmicas, interativas e multicanal. Elas têm a capacidade de “pular” sobre nós, inundando nossa mente com uma quantidade imensa de dados. De acordo com um ex-CEO do Google, a cada dois dias é gerado um volume de informação equivalente ao total produzido desde o início da civilização até 2003. No passado, nosso acesso era limitado a jornais e revistas; hoje, somos impactados por sites, blogs, redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas, e-commerces e plataformas de streaming, além de displays eletrônicos em locais públicos como elevadores e salas de espera. É praticamente impossível evitar essa avalanche de informações que nos rodeia e que nos instiga a reagir de alguma forma.
Os especialistas identificaram dois pontos principais sobre os efeitos dessa enxurrada de dados: 1) o fluxo contínuo e massivo de informações afeta nosso estado emocional e a saúde mental, pois não estamos adaptados para lidar com essa carga; e 2) a qualidade das informações e a maneira como lidamos com elas têm um impacto ainda mais significativo do que o volume em si. A combinação desses fatores dá origem ao conceito de “infoxicação”, que mistura “intoxicação” com “informação”, representando um dos grandes problemas atuais.
A “infoxicação” resulta do consumo excessivo de informações tóxicas que provocam sentimentos negativos como tristeza, culpa, confusão e pessimismo. Essas informações prejudiciais podem vir de filmes, séries, mensagens, discussões nas redes sociais e outros formatos. No cotidiano, isso se traduz em uma diminuição da qualidade de vida e do bem-estar, tanto pessoal quanto profissional.
Estamos constantemente alternando entre uma tragédia no Twitter, a confirmação de um evento no Facebook, uma piada no Instagram e uma reunião de trabalho via Zoom. Manter o foco, o bom humor e o interesse em meio a essa montanha-russa emocional e de distrações trazidas pelas telas é um desafio constante. Não é raro ouvir sobre pessoas que decidiram se desconectar por um tempo, sair das redes sociais ou trocar um smartphone avançado por um modelo mais simples para recuperar o equilíbrio. O “fear of missing out” (Fomo), ou medo de ficar de fora do mundo digital, é um problema real que pode exigir a ajuda de profissionais especializados. Em contraste, o “joy of missing out” (Jomo), a alegria por não participar de tudo e por apreciar o presente no seu próprio ritmo, pode ser uma alternativa saudável para reduzir a pressão digital.
Entre estar completamente conectado e totalmente desconectado, há um caminho mais equilibrado. Ser bem-informado, cultivar a curiosidade e manter relacionamentos são essenciais para um bom desempenho profissional e uma vida satisfatória. As novas tecnologias são úteis, mas é crucial estabelecer limites. Sem esses limites, a relação com a informação pode se tornar prejudicial. A “infoxicação” pode afetar tanto a vida pessoal quanto a carreira. Notícias inconsistentes podem confundir a visão profissional, enquanto o excesso de informações sobre o trabalho pode causar estresse e diminuir a produtividade e criatividade.
Para evitar informações falsas e prejudiciais, o primeiro passo é o profissional entender sua situação atual e seus objetivos futuros. Conhecendo suas habilidades, metas e deficiências, é fundamental buscar fontes confiáveis para se informar sobre tendências, capacitação, oportunidades e empresas. A regra de ouro é ler bastante, verificar informações com fontes confiáveis e filtrar tudo cuidadosamente para formar uma opinião bem fundamentada e tomar decisões mais equilibradas.
Além disso, é essencial criar uma estratégia pessoal para não se tornar dependente das ferramentas digitais. Passar o dia inteiro respondendo mensagens, ter vários dispositivos ativos simultaneamente e participar de todos os debates nas redes sociais são tentações que podem ser prejudiciais. Priorizar com base em seus objetivos pessoais e profissionais é o melhor caminho para manter um equilíbrio saudável.