Um incrível tom de azul neon foi registrado por remadores no mar de Florianópolis. Trata-se do fenômeno da bioluminescência, causado pelas microalgas fitoplânctonicas, conforme explicação de oceanógrafos.
O flagrante ocorreu às 6h15 de quarta-feira (26) na Baía Norte, feito por um clube de canoagem. De acordo com Débora Machado Dutra, uma das proprietárias da empresa, esse fenômeno não é tão incomum.
“Temos o prazer de presenciar essas luzes azuis neon todos os anos. Somente nesta semana, vimos três vezes, segunda, terça e quarta-feira”, conta Débora.
Apesar da ocorrência frequente, cada experiência é única para a remadora, que já testemunhou as luzes brilhantes na lua cheia, no pôr do sol e no amanhecer.
“Cada vez é diferente, mágico, intenso, inexplicável, surreal, como se fosse magia, um mistério. A natureza se manifesta de forma surpreendente e magnífica, mostrando sua magnitude, grandeza e perfeição”, declara.
O fenômeno da bioluminescência também é relatado em outros locais da Ilha de Santa Catarina, como Barra da Lagoa, Lagoinha do Leste e Praia da Daniela, além da região do Sambaqui.
Para presenciar a bioluminescência, o mar precisa estar calmo e claro, o que nem sempre torna fácil a tarefa de acordar cedo e enfrentar o frio, mas, para os remadores, a recompensa da natureza é valiosa.
Causado pelas microalgas fitoplânctonicas, especialmente a espécie Noctiluca scintillans, a bioluminescência ocorre principalmente em águas protegidas e quentes. Embora seja mais comum no verão, mudanças climáticas têm resultado em registros desse fenômeno durante o inverno também.
“O fenômeno pode ocorrer em qualquer região do país, mas é mais comum nas regiões Sul e Sudeste devido à alta sazonalidade das águas”, explica a coordenadora do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alessandra Larissa D’Oliveira Fonseca.
O fenômeno é influenciado pelo aumento da luz, aquecimento das águas e fatores meteorológicos e antropogênicos. A floração das algas é favorecida pelo incremento de nutrientes provenientes de chuvas intensas e poluição costeira, além da diminuição do oxigênio devido ao tratamento inadequado de esgoto.
Os fitoplânctons são criaturas marinhas microscópicas que produzem luz como mecanismo de proteção e sobrevivência. Durante o dia, a bioluminescência desses organismos é ofuscada pelo sol. Entretanto, em noites sem o brilho da lua e longe da luminosidade urbana, a luz gerada por cada fitoplâncton se soma a de muitos outros, proporcionando a iluminação das águas em luzes neon, geralmente de tom azulado.
