A cidade de Florianópolis alcançou a primeira posição no Ranking de Competitividade dos Municípios em 2023. Isso significa que a capital catarinense é reconhecida como a cidade com a melhor capacidade de oferecer serviços públicos de alta qualidade no Brasil.
O estudo, conduzido pelo Centro de Liderança Política (CLP), em colaboração com a Gove e a Seall, foi divulgado com exclusividade à CNN nesta quarta-feira (23).
Na primeira edição do ranking, em 2020, Florianópolis estava classificada em quarto lugar. A cidade subiu uma posição a cada ano, culminando na liderança em 2023 — superando São Paulo, Barueri (SP) e São Caetano do Sul (SP).
Tadeu Barros, diretor-presidente do CLP, associa a competitividade a um indicador de bem-estar social. Em outras palavras, uma cidade competitiva “é aquela que oferece o melhor atendimento possível ao cidadão, proporcionando a melhor qualidade de vida possível”.
Com uma população de 574 mil habitantes, Florianópolis conquistou o topo do ranking com excelentes avaliações nas áreas de qualidade da saúde, segurança e capital humano. A coleta de resíduos domésticos e o fornecimento de água também se destacaram na cidade catarinense, obtendo nota máxima no estudo.
Florianópolis manteve consistentemente altos índices nas áreas de saúde e segurança ao longo do tempo. A diferença ocorreu no pilar do capital humano, no qual a cidade subiu 42 posições em três anos.
Nesse aspecto, é avaliada a qualificação dos trabalhadores em empregos formais, onde Florianópolis obteve a nota mais alta entre todas as cidades no quesito. O estudo também analisa as taxas de matrícula no ensino superior, técnico e profissionalizante na cidade.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Santa Catarina acredita que o resultado está vinculado a políticas públicas para a qualificação profissional, além de uma forte colaboração entre a instituição e os governos municipal e estadual.
“Acreditamos que essas políticas estão sendo desenvolvidas [em Florianópolis]. Estamos em uma capital com economia centrada em nichos de mercado que exigem qualificação, como tecnologia, turismo e gastronomia”, afirma Ivanir Bazzei, diretora de marketing e comunicação do Senac-SC.
O estudo do CLP revela que o indicador de matrículas em cursos técnicos e profissionalizantes é inferior ao índice de matrículas no ensino superior na capital catarinense. O Senac atribui isso aos impactos da crise econômica pós-pandemia, que direcionaram os investimentos em educação para o ensino básico, em detrimento da educação técnica e profissional.
Com a retomada do mercado após a pandemia, o Senac-SC observou um aumento no número de matrículas, embora de forma mais moderada do que anteriormente. Além disso, a população de Florianópolis está optando mais pelos cursos de qualificação online.
A Secretaria-Executiva de Desenvolvimento Econômico de Florianópolis atribui esse sucesso aos centros de pesquisa e inovação da cidade, bem como aos programas de qualificação profissional Floripa Mais Empregos e Floripa Mais Tec.
“A modernidade da cidade, combinada com sua tradição e charme, tornam-na atraente para pessoas qualificadas que desejam morar e viver aqui. Essa aspiração se reflete no aumento de nossa população”, afirma a secretaria.
Na área da saúde, Florianópolis se destaca em indicadores como desnutrição e obesidade infantil, além da baixa taxa de mortalidade materna.
A Secretaria Municipal de Saúde destaca a presença de uma rede básica de atendimento primário bem estruturada e programas de telemedicina como fatores que contribuem para esse cenário positivo.
Por outro lado, a área de sustentabilidade fiscal obteve uma das menores notas em Florianópolis, divergindo da tendência geral das 410 cidades analisadas. O CLP observou uma melhora coletiva na responsabilidade fiscal das cidades brasileiras, indicando um melhor controle das contas públicas.
A Prefeitura de Florianópolis apontou a existência de precatórios controversos como um fator que pode ter influenciado o indicador de sustentabilidade fiscal da cidade. A suspensão das inscrições desses precatórios em 2023 contribuiu para a revisão do passivo e do plano de pagamentos mensais.
Esta é a primeira vez que uma capital conquista a liderança no Ranking de Competitividade dos Municípios. Tadeu Barros aponta que a concentração populacional e as disparidades sociais nessas cidades centrais tornam os problemas avaliados mais complexos.
“Por um lado, a capital tem a capacidade de atrair investimentos, empregos e renda. Mas também traz desafios como violência, desorganização social e questões de emprego, miséria e pobreza”, explica Barros.
O CLP acredita que os dados do ranking devem orientar a gestão pública dos municípios com base em evidências sólidas. “Isso significa abandonar o achismo e se concentrar em indicadores e desempenho real. É para olhar exatamente o que está acontecendo”, afirma Barros.
O diagnóstico e a comparação entre cidades possibilitam que aquelas que se destacam sirvam de inspiração e aprendizado para outras.
“Por outro lado, a população ainda possui uma educação cívica deficiente. O papel do CLP é educar a população para que ela possa avaliar o desempenho de seus líderes, tornando-se mais consciente e compreendendo o que está sendo entregue”, conclui.
Áreas com Melhor Desempenho em Florianópolis ao Longo dos Anos:
2023
Qualidade da Saúde: 93,66
Segurança: 91,64
Capital Humano: 89,04
2022
Capital Humano: 94,72
Segurança: 88,40
Qualidade da Saúde: 84,77
2021
Qualidade da Saúde: 93,99
Segurança: 91,26
Funcionamento da Máquina Pública: 74,43
2020
Segurança: 87,59
Qualidade da Saúde: 86,06
Saneamento: 83,39
A pesquisa avaliou 410 cidades brasileiras, correspondendo à quantidade de municípios com população acima de 80 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizados em 2022.
Para o levantamento, o CLP utilizou 65 indicadores em áreas consideradas fundamentais para a competitividade municipal. Os índices incluem taxa de matrícula no ensino básico, tempo para abertura de empresas e velocidade de desmatamento ilegal, entre outros.
Esses dados foram coletados de cerca de 35 bancos de dados públicos. Para garantir imparcialidade nas análises, todos os índices escolhidos são publicamente divulgados pelas prefeituras.
Os indicadores foram agrupados em 13 pilares cruciais para promover a competitividade e melhorar a gestão pública: Sustentabilidade Fiscal, Funcionamento da Máquina Pública, Acesso à Saúde, Qualidade da Saúde, Acesso à Educação, Qualidade da Educação, Segurança, Saneamento, Meio Ambiente, Inserção Econômica, Inovação e Dinamismo Econômico, Capital Humano e Telecomunicações.