O ex-ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto Santos Cruz, compartilhou suas avaliações em uma entrevista ao UOL sobre a recente investigação envolvendo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e a possibilidade de agir sem a aprovação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o general, é altamente improvável que um subordinado tome decisões significativas sem o conhecimento ou a sensação de aprovação por parte do líder. Ele afirmou que esse tipo de autonomia não é concedido a subordinados para a tomada de medidas importantes, como as que foram relatadas.
Para Santos Cruz, a situação de Mauro Cid pode indicar uma perda de “senso de limite”. Ele expressou preocupação com a ocorrência de pessoas bem formadas que parecem ter perdido a noção de ética e legalidade. Ele enfatizou que não há justificativa para cumprir ordens ilegais, e se isso ocorreu, a responsabilidade é individual. Ele destacou que nenhuma instituição ensina que é aceitável cumprir ordens ilegais ou participar de atividades ilegais.
O general também abordou o fenômeno do “feitiço político” que, segundo ele, afetou alguns militares. Ele observou que tanto civis quanto militares podem ser afetados por esse fervor fanático, o que, na opinião dele, distorceu a sociedade brasileira.
Santos Cruz mencionou que durante o governo Bolsonaro, havia um comportamento que lembrava uma “seita” ou “gangue digital”, destacando a influência de certas figuras. Ele indicou que essa mentalidade persiste em uma pequena parcela da sociedade, tanto no meio civil quanto militar.
O caso investigado envolve o suposto desvio de joias que foram presenteadas ao governo brasileiro. A Polícia Federal conduziu uma operação para investigar a revenda de joias e bens recebidos pela Presidência da República por ajudantes do ex-presidente Bolsonaro.
O advogado de Mauro Cid revelou que seu cliente teria repassado o pagamento em espécie para dificultar o rastreamento e que ele confessaria ter feito isso a mando de Bolsonaro.