Em meio às discussões sobre o novo regulamento técnico da Fórmula 1 previsto para 2026, Lewis Hamilton voltou a criticar abertamente o caminho que a categoria está trilhando. Durante o fim de semana do GP da Emília-Romanha, o heptacampeão afirmou que a F1 “não está indo na direção correta”, citando o aumento do peso dos carros e a perda do som característico dos motores como fatores que impactam negativamente a essência do esporte.
“Pessoalmente, não acredito que a Fórmula 1 esteja tomando as decisões certas. Estamos tornando os carros mais pesados e mais lentos. Embora o carro de 2026 vá ser um pouco mais leve, ainda está muito longe do ideal. Esses são os carros mais pesados que já pilotei”, declarou Hamilton em entrevista à Sky Itália.
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Saudosismo e sustentabilidade em choque
As novas regras técnicas da FIA preveem uma divisão igual entre potência elétrica e combustão interna, além da utilização de combustível 100% sintético. Apesar dos avanços em sustentabilidade, Hamilton lamenta a perda de elementos que, segundo ele, definem a paixão pela F1 — como o som dos antigos motores V10 e V12.
“Eu sinto falta do som. Quando você ouve um V12 da Ferrari, sente a paixão. Os V6 híbridos foram um passo positivo em sustentabilidade, mas o som simplesmente não é o mesmo. Não podemos esquecer o impacto emocional que isso tinha — é só lembrar do que era ouvir Michael Schumacher em 2003”, completou.
Debate técnico acirrado
As preocupações de Hamilton encontram eco em outras figuras do paddock. Christian Horner, chefe da Red Bull, também criticou os resultados preliminares obtidos em simulações da nova unidade de potência. Segundo o jornal Motor ES, a Mercedes teria testado o novo motor híbrido em Monza e constatado que a carga elétrica se esgota antes do fim da reta principal, fazendo com que o carro dependa exclusivamente do motor de combustão, com potência inferior até mesmo à de um carro da Fórmula 2 — entre 540 e 570 cavalos.
A proposta discutida por algumas equipes é rever a divisão da potência para 36% elétrica e 64% combustão, buscando um equilíbrio mais funcional nas pistas de alta velocidade.
Por outro lado, Toto Wolff, chefe da Mercedes, defende com veemência o atual formato estabelecido para 2026, classificando a controvérsia como uma “piada”. Honda e Audi também estão entre as fabricantes que apoiam a maior eletrificação. A montadora japonesa, inclusive, citou esse avanço como um dos motivos para permanecer na categoria, enquanto a Audi enxergou justamente na nova regulamentação um incentivo para ingressar na F1.
F1 em busca de identidade
O embate entre tradição e inovação parece longe de um consenso. Enquanto pilotos como Hamilton e Charles Leclerc já demonstraram simpatia por um retorno aos motores aspirados do passado — ideia que chegou a ser brevemente considerada — a maior parte das montadoras tem resistido fortemente à ideia, privilegiando os avanços sustentáveis e tecnológicos.
A Fórmula 1 segue seu calendário com o GP de Mônaco entre os dias 23 e 25 de maio, em Monte Carlo, oitava etapa da temporada 2025. A cobertura completa do evento será feita in loco pelos repórteres Bernardo Castro e Leonid Kliuev para o GRANDE PRÊMIO, com acompanhamento em tempo real, classificação, corrida com segunda tela no YouTube (em parceria com a Voz do Esporte), e análises diárias no Briefing, disponível nas redes sociais e na GPTV.