O Ministério da Saúde anunciou a disponibilização de 9 milhões de doses da vacina contra a dengue para grupos específicos. Durante o lançamento da campanha no Palácio do Planalto, a ministra Nísia Trindade destacou a necessidade de rever os critérios de vacinação, expressando seu desejo de ampliar o número de municípios beneficiados.
“A revisão dos critérios é uma prioridade. Embora eu defenda a expansão para mais municípios, precisamos seguir as orientações dos nossos técnicos e a pactuação tripartite. A faixa etária recomendada pela OMS é essencial, e por isso estamos focando em jovens de 10 a 14 anos”, afirmou Nísia em coletiva de imprensa.
A decisão sobre possíveis alterações nos critérios de vacinação será baseada em dados do InfoDengue e discussões com estados e municípios nos próximos quinze dias. Atualmente, a campanha se concentra em 1.920 municípios com alta incidência de dengue, embora a vacina esteja aprovada para uso em pessoas de 4 a 60 anos.
Conforme o Ministério da Saúde, a faixa etária escolhida é a que apresenta menos exposição à dengue, mas que possui uma maior tendência de hospitalização. O cronograma de vacinação para 2024-2025 será divulgado em breve. A Anvisa não autorizou a vacinação em pessoas acima de 60 anos.
No ano anterior, o governo ofereceu 4 milhões de doses na rede pública. A vacina, chamada Qdenga, desenvolvida pela Takeda, começou a ser disponibilizada em clínicas privadas e farmácias em julho do ano passado, após aprovação da Anvisa.
A vacinação, entretanto, não será a única estratégia do Ministério da Saúde no combate à dengue. O plano de ação anunciado abrange seis eixos: prevenção, vigilância, controle de focos do mosquito, organização da rede de saúde, preparação para emergências e engajamento comunitário. O ministério destinou R$ 1,5 bilhão para ações que incluem vacinas, testes rápidos, controle do mosquito e pesquisa.
Um dos métodos em desenvolvimento é o uso de Wolbachia, que consiste na liberação de mosquitos não transmissores da dengue, com o objetivo de substituir gradativamente a população de Aedes aegypti na região.
Em 2024, houve um aumento significativo nos casos de dengue, resultando em uma crise no ministério. Nísia Trindade também mencionou a possibilidade de contar com 1 milhão de doses únicas do Instituto Butantan, dependendo da aprovação pela Anvisa.
“Desde o ano passado, deixamos claro que a vacina é apenas uma parte da estratégia e que sua implementação será gradual. Estamos atualmente focando nas doses da vacina da Takeda, que foi a primeira a ser incorporada ao sistema público brasileiro”, disse Nísia.
Durante a abertura do evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou esperança de que, com o apoio da sociedade, este verão possa ter menos casos de dengue. “Precisamos unir esforços para combater a dengue, pois o mosquito está presente em todos os lares, independentemente da classe social”, afirmou Lula, ressaltando a importância do trabalho dos agentes de saúde na vigilância de focos do Aedes aegypti.