Música e história: Brasília como Capital do Rock

Redação TEV
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Brasília, conhecida como berço do rock nacional, foi o epicentro de clássicos como “Mulher de Fases”, “Eduardo e Mônica” e “Primeiros Erros”. A cidade não ganhou o título de Capital do Rock à toa. Foi aqui que bandas como Legião Urbana deixaram sua marca, onde o Capital Inicial deu os primeiros passos de uma carreira de 40 anos, e onde surgiram grupos que continuam a ser sucesso, como Raimundos e Plebe Rude.

Vivendo intensamente a juventude, os músicos da época adotaram a filosofia do rock, que mistura “atitude, linguagem, postura e a forma de ver a vida à sua frente”, como destaca Dado Villa-Lobos, ex-membro da Legião Urbana, em entrevista ao Metrópoles. Para ele, o gênero sempre buscou transmitir uma mensagem de autenticidade e perseverança.

Além das bandas de grande expressão, outros grupos de rock também surgiram e continuam a movimentar a cena local, como o DFC (Distrito Federal Chaos), que realizou sua primeira apresentação na Semana Santa de 1993, há mais de 30 anos. Para o vocalista Túlio Dourado, “Brasília sempre foi uma referência no cenário do rock brasileiro, ditando tendências ao longo das décadas”.

“A Legião Urbana foi, sem dúvida, a banda que dominou o rock brasileiro por mais de uma década e continua a ser muito influente até hoje. Nas décadas seguintes, a cena foi renovada com novas bandas, especialmente nos anos 1990”, avalia o músico.

A qualidade da música produzida na capital atravessou décadas e continua a posicionar Brasília como um epicentro de excelência musical. Paulo Veríssimo, vocalista da Distintos Filhos, observa: “Vejo muitas coisas interessantes acontecendo, de verdade. O rock autoral de Brasília está vivo e ativo, apesar de não estar no mainstream”.

A cena musical de Brasília continua a florescer, com novas bandas surgindo constantemente. Entre elas, destaca-se a Lupa, formada pelo vocalista Múcio Botelho, o baterista Juninho e o baixista Lucas Moya. Diferentemente de alguns grupos, eles optaram por se concentrar em músicas autorais, recusando-se a fazer covers.

“A gente ama todas essas bandas. Crescemos ouvindo essas músicas. No entanto, decidimos seguir nosso próprio caminho e criar nossas próprias músicas. No Brasil, há muitas pessoas incríveis fazendo coisas maravilhosas em todos os lugares, sabia?”, explica Múcio.

Ele destaca que o grupo tem conseguido expandir seu alcance para além da cena local, alcançando diversas cidades por meio das redes sociais. “Precisávamos apenas de uma audiência, e agora estamos encontrando esse público. Desde fevereiro, estamos em turnê com nosso novo álbum, ‘Sucesso a Qualquer Custo’, e temos lotado todos os locais por onde passamos”, revela.

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, encoraja novas bandas a focarem em criar um som autêntico e pessoal, sem se preocuparem com fama ou aceitação. “Não dá para saber o que o público quer. Não dá para antecipar. Faça música para você mesmo. Para você e seus amigos. Seja sincero. Seja corajoso e criativo. Mas, acima de tudo, divirta-se”, aconselha.

A banda Oxy também segue essa filosofia. Com a vocalista Lara Abreu à frente, eles se concentram em criar músicas que se conectem com o público. “A expressão está no cerne do gênero”, enfatiza Lara.

Com uma perspectiva feminina, Lara observa que o cenário musical ainda é predominantemente masculino e, às vezes, machista. “É uma luta contínua e precisa continuar sendo. Devemos permanecer vigilantes, pois esse espaço de expressão também pertence muito às mulheres.”

Gustavo Sá, um dos fundadores do Porão do Rock, reflete sobre os desafios enfrentados pelas novas bandas no mercado musical competitivo. “A última grande artista de rock brasileiro a ultrapassar as barreiras e alcançar o mainstream foi Pitty, há 20 anos. Nos últimos 20 anos, nenhum outro artista emergiu, explodiu e se tornou um grande nome”, lamenta.

Apesar dos desafios, Digão, do grupo Raimundos, acredita que o rock brasileiro está em ascensão. “Acho que o gênero está ressurgindo. As pessoas estão buscando algo mais autêntico, mais genuíno, e o rock é isso, é pura alma. Então, o rock está ganhando força novamente”, opina.

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