O assassinato de Fernando Villavicencio, um dos candidatos à presidência do Equador, ocorreu a apenas 11 dias das eleições marcadas para 20 de agosto. Além dele, outros sete concorrentes estão na disputa pelo cargo atualmente ocupado por Guillermo Lasso.
As eleições presidenciais no Equador foram antecipadas em maio, após Lasso convocar uma cláusula da Constituição e dissolver a Assembleia Nacional. Essa medida, conhecida como “Morte Cruzada”, foi aplicada pela primeira vez no país. Conforme essa disposição, ao dissolver a Assembleia, Lasso estava obrigado a convocar novas eleições presidenciais.
O Equador atravessa uma grave crise política, e Lasso enfrentou inclusive uma tentativa de impeachment. Ele optou por não se candidatar novamente e afirmou ao jornal “The Washington Post” que não estava preocupado com quem seria seu sucessor.
Quais são as prioridades dos eleitores?
Outra pesquisa conduzida pelo instituto AS/COA, em julho, indagou os eleitores sobre o que consideravam mais importante ao escolher um candidato. O tema da “insegurança” foi o mais mencionado.
Neste momento, o Equador está lidando com uma significativa onda de violência associada ao narcotráfico. Esses conflitos também têm resultado em ameaças a políticos e funcionários públicos, ao mesmo tempo em que os índices de homicídio aumentaram consideravelmente.
Há cerca de duas semanas, por exemplo, um prefeito foi assassinado no país. O cientista político Maurício Santoro explica que essa onda de violência tem repercutido na política equatoriana.
“O país se tornou uma rota de tráfico de drogas muito relevante na América Latina, com entradas pelos portos equatorianos, atravessando a Amazônia e seguindo para a Europa e os Estados Unidos”, detalha.
Outro assunto frequentemente abordado é o combate à corrupção. Nos últimos anos, o Equador testemunhou diversos escândalos que levaram à condenação do ex-presidente Rafael Correa. Atualmente, Correa reside na Bélgica e alega ser inocente.
De acordo com a imprensa equatoriana, Fernando Villavicencio foi baleado três vezes na cabeça após um comício em Quito. O ataque também deixou nove pessoas feridas.
Vídeos circulando nas redes sociais mostram o candidato deixando o local do comício. Ele é auxiliado por agentes de segurança ao entrar em um carro. Logo após, ouvem-se vários tiros de arma de fogo.
O governo equatoriano informou que os agressores utilizaram uma granada durante o atentado, mas o dispositivo não explodiu. Durante a tentativa de fuga, houve um tiroteio com a polícia, resultando na morte de um dos suspeitos.
O partido Movimiento Construye, ao qual Villavicencio pertencia, comunicou que a sede do partido também foi atacada por homens armados.
A polícia realizou buscas por bairros de Quito e deteve seis pessoas. Em uma das residências, os agentes encontraram armas e granadas.