Pesquisa da Way Minder revela influência nas áreas corporativas e liderança

Ana Priscila
Ana Priscila
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A síndrome de esgotamento profissional, também conhecida como burnout, ganhou maior destaque durante a pandemia e foi oficialmente reconhecida como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Esse reconhecimento trouxe um alerta significativo para as empresas, que agora buscam estratégias voltadas à saúde mental de seus colaboradores.

Mas por onde começar? Deve-se analisar os setores ou a liderança?
A Way Minder, uma startup mineira de soluções tecnológicas, conduziu um estudo inovador para entender melhor essa questão no contexto brasileiro. Utilizando a inteligência artificial, a pesquisa envolveu mais de 600 funcionários de 17 organizações ao longo do mês de maio deste ano.

Os resultados indicam as áreas corporativas mais afetadas pela síndrome de burnout no Brasil:

Recursos Humanos: 43 pontos;
Vendas: 42,11 pontos;
Educação: 42,1 pontos;
Liderança: 40,43 pontos;
Administrativo: 38,38 pontos;
Tecnologia da Informação: 36,61 pontos.

Essa classificação, realizada por meio da plataforma online da Way Minder, considera categorias que variam de casos nulos (0 a 18) até casos graves (60-75), passando por baixo (19 a 32), moderado (33-49) e alto (50-59).

“Indicadores acima de 30 sinalizam que a doença está em estágio moderado, acendendo um alerta para os usuários e as empresas monitorarem as emoções e adotarem estratégias para reduzir esse índice”, afirma Deivison Pedroza, Co-Fundador e CEO da Way Minder.

A startup utiliza a “Eliis”, sua Inteligência Artificial Generativa, para coletar informações. A IA foi desenvolvida pensando nos colaboradores que têm dificuldade em responder a questionários online. A solução encontrada foi criar uma interação através de um bate-papo.

“Principalmente os executivos, como os do C-Level, preferem esse tipo de abordagem por ser mais dinâmico. Com a IA, o colaborador basicamente inicia uma conversa via WhatsApp, Messenger ou outra plataforma. Ele sabe que está sendo avaliado, mas de uma maneira diferente dos questionários tradicionais”, explica Pedroza.

Qual é o Perfil de Líder mais Vulnerável ao Burnout?
Os dados também revelam que o burnout afeta líderes em todas as esferas, com um alerta especial entre os do C-Level:

CEO, diretores e sócios: 44,41 pontos;
Lideranças (gerentes e coordenadores): 37,43 pontos;
Outras lideranças (sub-gerentes e supervisores): 39,47 pontos.

Quanto às gerações, entre as lideranças do C-Level, os da geração X, reconhecida por sua abordagem mais tradicional e busca por estabilidade no trabalho, apresentam as maiores pontuações (48,83), chegando perto do nível elevado (50-59).

Abaixo estão as pontuações dos C-Levels por geração:

C-Level Baby boomers (nascidos entre 1940-1960): 31,5 pontos;
C-Level geração X (nascidos entre 1960-1980): 48,83 pontos;
C-Level geração Y ou Millennials (nascidos entre 1980 e 1995): 33,93 pontos.

Na categoria de Lideranças (gerentes e coordenadores), a geração Z (nascidos a partir de 1995) se destaca:

Baby boomers: 34,5 pontos;
Geração X: 36 pontos;
Geração Y: 33,93 pontos;
Geração Z: 41,8 pontos.

A metodologia da Way Minder é própria e baseada em mais de 20 anos de pesquisa, incluindo diretrizes da Universidade de Ohio, nos EUA, relacionadas à prevenção da saúde emocional e mental, neurociência, inteligência emocional e psicologia positiva.

“Trabalhamos em nossa IA desde outubro do ano passado, adaptando algoritmos externos para uso no Brasil. Nossa abordagem é respaldada por avaliações de inteligência emocional e distúrbios mentais, além de intervenções comprovadas para proteger a saúde mental de mais de 12 mil clientes no Brasil, América Latina e Estados Unidos”, afirma Pedroza.

Além do burnout, existem outras doenças que podem afetar o ambiente corporativo. A psicóloga Larissa Fonseca, terapeuta clínica com abordagem cognitivo-comportamental há 15 anos, destaca algumas dessas doenças e suas características:

Ansiedade: apresenta sintomas semelhantes ao estresse, com uma intensa negatividade em relação ao futuro, levando a preocupações excessivas e variações de problemas imaginados.

Compulsões e dependências: surgem como uma tentativa de encontrar alívio em um ambiente de trabalho desgastante, levando a vícios em substâncias ou comportamentos.

Depressão: manifesta-se com excesso de pensamentos sobre o passado e falta de esperança no futuro.

Estresse: resulta na liberação de cortisol no organismo, levando a sintomas físicos e emocionais, como distúrbios do sono, dores de cabeça e tensão muscular.

Transtornos relacionados ao sono: incluem atrasos ou avanços no horário de dormir devido ao excesso de trabalho e a insônia, muitas vezes associada a pesadelos e interrupções do sono. A psicoterapia, juntamente com atividades físicas e hábitos saudáveis, é uma das abordagens recomendadas para o tratamento dessas doenças. A psicóloga enfatiza a importância do equilíbrio para a manutenção da saúde mental.

“A terapia pode ser muito eficaz, mas precisa ser combinada com outras medidas, como atividades físicas, higiene do sono, mindfulness e uma alimentação saudável. O ser humano precisa de equilíbrio para manter a saúde mental.”

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