Nossa sociedade está em constante evolução, e com o passar do tempo, nossas percepções e atitudes em relação aos relacionamentos também mudam. No entanto, essa transformação nem sempre é positiva.
Nos últimos tempos, temos testemunhado uma mudança significativa, mas negativa, tanto em adultos quanto em crianças. Os adultos, que tradicionalmente eram considerados modelos de comportamento, caráter e responsabilidade, parecem estar cada vez mais adotando comportamentos infantis. Por outro lado, as crianças estão sendo expostas a pressões sociais, influências da mídia e expectativas excessivas, levando-as a adotar características associadas aos adultos muito mais cedo do que o ideal.
No passado, as crianças eram frequentemente ensinadas desde cedo a assumir responsabilidades, especialmente aquelas que não pertenciam a famílias privilegiadas. Embora essa abordagem não fosse isenta de desafios e frequentemente expusesse as crianças a dificuldades, ela também ajudava a desenvolver um senso de responsabilidade, preparando-as para a vida adulta.
No entanto, na sociedade contemporânea, muitos adultos parecem incapazes de assumir plenamente a responsabilidade por suas vidas, sustento, trabalho e aspirações. Temos uma geração de adultos que são altamente dependentes, confiando em outros, como pais, parceiros românticos e até mesmo filhos, para atender às suas expectativas e necessidades. Quando não têm esses apoios, podem ficar perdidos, buscando incessantemente a juventude, o que pode resultar na perda de sua própria identidade.
A “adultização” precoce das crianças também é uma preocupação. Dar a elas responsabilidades que não condizem com sua idade e permitir que a sociedade influencie seus comportamentos pode ser prejudicial. Essa abordagem acelera o desenvolvimento das crianças, privando-as de uma fase de vida especial, repleta de brincadeiras e descobertas.
Uma criança adultizada não experimenta a socialização adequada para o seu desenvolvimento. Ela pode deixar de participar de atividades como festas do pijama, cantar e dançar na frente do espelho, brincar de se vestir como adultos ou super-heróis, competir em jogos infantis e aproveitar uma vida despreocupada, livre de expectativas e responsabilidades.
Essa adultização precoce não resulta em benefícios para as crianças. Em vez disso, pode levar a carências emocionais, solidão e baixa autoestima. Para proteger nossos filhos dessas consequências prejudiciais que podem persistir ao longo da vida, é fundamental que os pais desempenhem um papel ativo em sua criação, preservando a infância de seus filhos e garantindo que eles desfrutem de uma vida de qualidade, de acordo com sua idade.
A infância é um período precioso que deve ser protegido. Garantir que nossos filhos possam vivê-la plenamente como crianças é um dos maiores presentes que podemos oferecer a eles.