Na madrugada da última segunda-feira (3), a seleção feminina brasileira de futebol partiu para a Austrália para disputar a Copa do Mundo de futebol feminino, que também será sediada pela Nova Zelândia. A Forbes obteve com exclusividade o valor de mercado da equipe brasileira, que é de 2,03 milhões de euros (R$ 10.607.765,00 na taxa atual de câmbio), segundo o Soccerdonna, um portal de futebol feminino da plataforma Transfermarkt.
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Esse valor considera os valores de mercado das jogadoras convocadas como titulares e reservas por Pia Sundhage, a treinadora da seleção brasileira. A equipe do Soccerdonna calcula esse valor com base em critérios que podem servir como referência para clubes interessados em contratar uma atleta, como desempenho esportivo, salário, idade, potencial de desenvolvimento, taxas de transferência, valor de marketing, entre outros.
A seguir, estão as seleções com os maiores valores de mercado – consultados em 30 de junho, sujeitos a atualizações – que disputarão a próxima Copa do Mundo:
- Alemanha – 4.250.000 euros
É importante ressaltar que o valor de mercado não necessariamente corresponde às multas rescisórias pagas para transferir as jogadoras de um clube para outro enquanto o contrato de trabalho da jogadora em questão ainda está em vigor.
A transferência pode ocorrer por um valor muito maior ou até mesmo menor do que o previsto pelo mercado, desde que haja acordo entre os clubes envolvidos. Além disso, existem barreiras na legislação dos países, bem como regulamentos das ligas nacionais, que determinam os parâmetros para o valor dessas multas de acordo com os salários dos atletas.
Com quase metade da equipe composta por estreantes em uma Copa do Mundo, o time brasileiro conta com jogadoras de alto valor de mercado e outras cinco cujo valor de mercado ainda não foi levantado pelo Soccerdonna. As jogadoras veteranas Marta e a atacante Bia Zaneratto têm valores de 80 mil euros (R$ 418,04 mil) e 110 mil euros (R$ 574,5 mil), respectivamente.
As jogadoras mais caras são as atacantes Debinha, com valor de 250 mil euros (R$ 1,306 milhão), e Geyse, com valor de mercado de 225 mil euros (R$ 1,175 milhão). Duas apostas de Pia para a renovação da seleção também têm alto valor de mercado, apesar de serem jovens: a meio-campista Kerolin, de 23 anos, com 200 mil euros (R$ 1,047 milhão), e a zagueira Lauren, de 20 anos, que vale 125 mil euros (R$ 654,7 mil). No outro extremo da experiência profissional, a zagueira Mônica tem valor de mercado de 50 mil euros (R$ 261,9 mil) e a lateral Tamires, de 40 mil euros (R$ 209,5 mil).
A disparidade de gênero nos valores de mercado A desigualdade entre homens e mulheres no futebol também se reflete nos valores de mercado das equipes. O valor de mercado das jogadoras brasileiras, de 2,03 milhões de euros, é significativamente menor em comparação ao valor da equipe masculina, que é de 899,5 milhões de euros (R$ 4,7 bilhões na taxa atual de câmbio).
Não apenas os salários das jogadoras são muito menores em relação aos dos homens, muitos dos quais recebem quantias mensais milionárias, mas também as taxas de transferência, as condições financeiras das ligas e dos clubes e a duração dos contratos influenciam os valores de mercado mais baixos no futebol feminino.
“Os valores de mercado também devem ser definidos nessa faixa e ajustados à realidade do nível de pagamento do futebol feminino”, afirma Kay-Ole Schönemann, gerente do Soccerdonna.
A jogadora brasileira com a transferência mais cara foi Adriana, que saiu do Corinthians para o Orlando Pride por US$ 100 mil (R$ 478,7 mil), e a transferência mais cara da história do futebol feminino foi a de Keira Walsh, que foi do Manchester City para o Barcelona por 350 mil libras (R$ 2,126 milhões). “A maioria dos clubes paga taxas de transferência na faixa de 20 mil a 400 mil euros”, diz Schönemann.
O desenvolvimento do futebol feminino no Brasil Enquanto a seleção brasileira masculina de futebol foi criada em 1914, a seleção brasileira feminina de futebol só foi oficializada em 1988, quando disputou sua primeira partida. As jogadoras convocadas eram do time carioca Radar, por ser um clube que se destacava no desenvolvimento de suas atletas, o que era muito diferente da realidade dos outros clubes do país.
A maioria das equipes femininas no Brasil foi criada após a necessidade de ter clubes femininos para que os homens pudessem participar das competições da Conmebol em 2016 – uma obrigatoriedade criada com a determinação da Fifa de que as confederações estimulem a igualdade de gênero.
Reforçada pela CBF em 2019, atualmente todos os times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro devem investir no futebol feminino.
No entanto, em fevereiro deste ano, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, anunciou que as equipes das quatro divisões do Campeonato Brasileiro masculino deverão ter uma equipe feminina. “Ainda temos uma grande necessidade de estruturar o que é considerado um futebol profissional de alto rendimento que envolve os clubes brasileiros.
O cenário no sudeste não pode ser comparado ao que está acontecendo no norte e no nordeste do país”, diz Aira Bonfim, pesquisadora do futebol feminino e curadora da exposição Rainha de Copas, do Museu do Futebol.