Nos últimos tempos, têm surgido várias comparações entre ‘Terra e Paixão’ e novelas mexicanas nas redes sociais.
Para Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia e pesquisador da USP, essa comparação não apenas é válida, mas também perceptível a cada capítulo:
“Sem dúvida, uma das produções nacionais com uma forte influência mexicana que já assisti. Desde o início, começando pela abertura. E eu adoro. É um excelente entretenimento dramatúrgico. As tramas, os cenários, os personagens, os temas musicais e até mesmo a interpretação condizem com o estilo regional de melodrama ‘nacional-mexicano’. Mas qual é o problema? Nenhum. Especialmente nestes tempos de total intercâmbio estético e interação. Em 2004, ao defender minha tese de doutorado na USP sobre telenovelas na América Latina, afirmei que o México era (e ainda é) o maior produtor desse gênero, a maior escola e a raiz dominante das telenovelas em todo o mundo. O Brasil, por sua vez, desempenhava o papel de inovador. Naquela época, eu era consultor e pesquisador da Globo, e recebi críticas de um (ex) diretor da área artística. Como diz o ditado popular, o tempo é o senhor da razão. E agora temos o Globoplay promovendo as telenovelas ‘nuestros hermanos’. Em tempos anteriores, havia um preconceito absoluto em relação ao caminho trilhado por Silvio Santos em 1982, no SBT. Hoje, a influência da teledramaturgia mexicana se mostra claramente na TV brasileira, finalmente deixando para trás o tratamento jocoso que costumava receber. É difícil dizer se a estética mexicana presente em Terra e Paixão é uma escolha consciente por parte da direção e produção, mas ela está indiscutivelmente presente. Em muitos momentos, com suas reviravoltas e surpresas na trama, lembra até mesmo a famosa obra teatral de Joaquim Manuel de Macedo do século XIX.”
Nota: Este é um resumo reescrito da reportagem original. Para acessar a versão completa da reportagem original no site da VEJA, por favor, visite o site diretamente.