Um estudo conduzido pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou a presença de teor alcoólico elevado em diversas marcas populares de pães consumidos no Brasil. A pesquisa testou os produtos mais vendidos nos supermercados e descobriu que 60% deles teriam um teor alcoólico que os classificaria como tal, se houvesse regulamentação para essa categoria. Alguns pães poderiam até acusar positivo em um teste do bafômetro.
Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman foram as marcas avaliadas, com apenas as duas últimas passando em todos os testes. Henrique Lian, diretor executivo da Proteste e autor do estudo, enfatizou a falta de transparência com o consumidor sobre essa questão.
O problema central destacado em nosso estudo é a falta de transparência. Quando alguém compra um pão, não espera encontrar uma quantidade significativa de álcool, que seria suficiente para categorizá-lo como uma bebida alcoólica.
afirmou Rafael Moura, consultor técnico da Proteste.
Para que uma bebida seja considerada não alcoólica no Brasil, ela deve conter no máximo 0,5% de etanol. De acordo com o estudo, alguns pães brasileiros ultrapassam esse limite e, se fossem bebidas, deveriam informar sobre a presença de álcool na embalagem.
A análise destacou que a Visconti apresentou o maior teor de álcool, com 3,37%. Bauducco ficou em segundo lugar, com 1,17%, seguida por Wickbold 5 Zeros (0,89%), Wickbold Sem Glúten (0,66%), Wickbold Leve (0,52%) e Panco (0,51%). Seven Boys, Wickbold (tradicional), Plusvita e Pullman registraram menos de 0,5%.
Segundo o estudo completo, a Proteste adquiriu anonimamente as unidades dos produtos, priorizando grandes redes de supermercados e garantindo que as datas de validade fossem adequadas para análise laboratorial. A presença de álcool nos pães não é ilegal, geralmente relacionada ao processo de fermentação, mas a aplicação excessiva de conservantes anti-mofo pode resultar em teores elevados de etanol no produto final.
A Proteste enviou os resultados do estudo ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), propondo um limite máximo de álcool nos produtos e maior fiscalização sobre os teores de conservantes.
As marcas mencionadas no estudo reagiram às alegações. O Grupo Wickbold pediu acesso à metodologia da pesquisa antes de comentar, reiterando seu compromisso com a qualidade e conformidade regulatória. Já a Pandurata Alimentos, responsável por Bauducco e Visconti, afirmou seguir rigorosos padrões de segurança alimentar e estar em conformidade com todas as regulamentações vigentes.