De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de pessoas com transtorno de ansiedade generalizada na rede pública aumentou mais de 200% desde o ano anterior à pandemia. Em 2019, 71.293 pessoas foram atendidas com sintomas de ansiedade, enquanto em 2023 esse número subiu para 274.682.
Durante o mesmo período, os casos de depressão cresceram 34%, e o transtorno de pânico teve um aumento ainda maior, de 93%, conforme relatado pela instituição.
Além dos hábitos saudáveis conhecidos, como uma alimentação equilibrada, sono de qualidade e exercícios físicos regulares, especialistas recomendam quatro abordagens terapêuticas para mitigar o impacto dos estressores e preservar a saúde mental:
Incorpore música clássica à sua rotina:
Pesquisa da Universidade de Stanford revelou que ouvir música clássica aumenta o fluxo sanguíneo em várias áreas do cérebro, liberando dopamina e ativando regiões relacionadas à autonomia, cognição e emoção. A música clássica também cria um ambiente relaxante, melhorando o foco e a concentração, especialmente em situações que exigem calma.
Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, menciona que “ouvir música clássica de forma constante eleva a atividade cerebral associada ao prazer e à recompensa. Ela ajuda a reduzir a dor e a ansiedade, diminuir a pressão arterial, combater a insônia, despertar emoções positivas e aliviar a tensão.”
Invista na leitura terapêutica:
Um estudo publicado no periódico Trends in Cognitive Sciences demonstrou que a leitura melhora as conexões neurais, aprimora funções cognitivas, reduz os níveis de estresse, desacelera os batimentos cardíacos e a respiração, e alivia os sintomas do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM), destaca que “a leitura estimula funções cognitivas como a consciência, a orientação, a percepção sensorial e a concentração. Escolher livros de interesse pessoal é essencial para manter a atenção e direcionar o foco para a leitura, ajudando a pessoa a se desconectar de fatores estressores externos.”
Experimente a aromaterapia:
Os óleos essenciais, extraídos de plantas, flores e frutas, oferecem estímulos sensoriais que promovem bem-estar e conforto. Quando inalados, essas substâncias alcançam o sistema límbico, a parte do cérebro que regula as emoções.
Um estudo da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) revelou que pacientes com depressão necessitaram de menores doses de medicamentos após tratamento com aromaterapia utilizando óleos cítricos.
Paula Molari Abdo, farmacêutica formada pela USP, menciona que o óleo de lavanda é amplamente utilizado para equilibrar emoções, ajudando a aliviar sintomas de depressão, ansiedade e enxaqueca. “O óleo vetiver também pode melhorar a saúde emocional de maneira semelhante a alguns medicamentos prescritos para ansiedade”, afirma a diretora técnica da Formularium e membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).
Considere a hortoterapia:
Cultivar um jardim ou horta tem se mostrado uma abordagem crescente no tratamento de distúrbios emocionais. O estudo “Gardening is Beneficial for Health”, publicado na Science Direct, mostra que a prática reduz a depressão e a ansiedade, além de melhorar a qualidade de vida e o senso de comunidade.
Pesquisas da Universidade de Princeton indicam um aumento significativo no bem-estar de pessoas que praticam jardinagem doméstica, especialmente ao cultivar vegetais. Isso é atribuído à satisfação de consumir ou compartilhar alimentos que foram cultivados pessoalmente.
Danielle Admoni ressalta que “o contato com a natureza já é altamente terapêutico. Cuidar de plantas pode ajudar a combater a depressão, ansiedade e até transtorno bipolar, estimulando a liberação de serotonina e endorfina.”
Monica Machado recomenda: “Comece com uma horta orgânica em casa. Se tiver mais espaço, você pode expandir e diversificar os cultivos. O importante é perceber as mudanças internas e continuar com o que lhe traz prazer.”