Piano em destaque com recital e projeto inovador em Brasília

Ana Priscila
Tempo de Leitura 4 min

Nesta semana, o piano é o destaque musical com apresentações de três pianistas e um projeto inovador que levará o instrumento a locais inesperados. A pianista portuguesa Inês Filipe chega a Brasília para um recital em homenagem aos 50 anos da Revolução dos Cravos, apresentando um repertório focado em compositores menos conhecidos no cenário internacional. Além disso, a dupla Pablo Marquine e Diogo Monzo traz à cidade o projeto Faces do Piano Brasileiro, que visa aproximar a música erudita da música popular por meio de apresentações e aulas em escolas e teatros locais.

Monzo e Marquine se encontraram durante o mestrado na Universidade de Brasília (UnB). Enquanto Monzo se dedicava ao estudo da obra de Luiz Eça, Marquine focava em Claudio Santoro. Em uma conversa casual, surgiu a ideia de criar um programa que destacasse as conexões entre a música de concerto e a popular. “Queríamos mostrar que ambos os estilos podem ter influências estéticas semelhantes e que é possível destacar o que há de comum entre eles, ao invés de seguir a tendência do mercado de separar música de concerto e música popular,” explica Marquine.

Assim nasceu o Faces do Piano Brasileiro, que estreia hoje em Brasília com uma série de concertos e aulas-recitais em escolas e teatros. O repertório do projeto é baseado em Luiz Eça e Claudio Santoro, mas sempre inclui mais dois compositores para criar conexões. Nesta versão em Brasília, Santoro será combinado com Guerra Peixe e Eça com Hermeto Pascoal. “Hermeto, apesar de ser classificado como compositor de música popular, incorpora muitos elementos que transcendem essa classificação, enquanto Guerra Peixe, frequentemente visto como compositor erudito, também explora ritmos brasileiros como samba, frevo e chorinho. Essas influências se misturam,” explica Monzo.

Em Brasília, a dupla conta com a colaboração da Casa do Piano, que disponibiliza e transporta o instrumento para as escolas. A Escola MiFaSol-Lá (503 Sul) será a primeira a receber o projeto, seguido pela Escola Classe Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (Q. 3), Sobradinho (local a ser definido), Casa Thomas Jefferson (706 Sul) e Centro de Ensino de Deficientes Visuais (612 Sul). Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público. “Queremos levar o piano a um público diferente do habitual, geralmente restrito a salas de concerto e teatros. O objetivo é expandir a audiência do piano para escolas e outros locais que normalmente não recebem esse tipo de evento,” afirma Monzo.

Luiz Eça teve uma formação erudita robusta e estudou em Viena, um importante centro de piano, mas encontrou seu espaço na música popular ao fundar o Tamba Trio em 1962, um dos primeiros grupos com piano, percussão e sopro. “Ele era tão inovador que abandonou uma carreira tradicional para se tornar um dos pioneiros da bossa nova no Brasil,” conta Marquine. “Eça foi um arranjador crucial da época e integrou elementos da música erudita em suas obras.” Claudio Santoro é conhecido como um dos compositores contemporâneos mais importantes do Brasil, mas também se inspirou na MPB. “Queremos apresentar uma visão alternativa dos compositores para enfatizar que o mais importante é a criação e a expressão musical, não as categorização ou rótulos impostos por mercado ou estudiosos,” conclui Marquine.

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